Tem uma crônica do Veríssimo com esse nome, que não quer dizer um sujeito muito amado e sim o cidadão que sai nas notícias, “populares cercaram o local”, etc. Aí Veríssimo vai indo, diz que o sujeito está segurando um pacote, que aparece no canto das fotos, que se um dia tentam pegar o popular ele escapa, o verdadeiro Popular é o outro que está assistindo o primeiro ser preso. É uma crítica, na verdade, da multidão passiva que não se posiciona. Independente da crítica, talvez por ter lido a crônica muito jovem, sempre mantive a figura do Popular com seu pacote na minha cabeça e enxergo procuro por ele no plano de fundo dos entrevistados na rua.
Tempos desses assisti sem querer um ritual importante, e quando fui parabenizar a pessoa que, digamos assim, ganhou o cargo, ela me perguntou quando é que eu me juntaria a eles. Eu sorri e disse que não me juntaria. No post retrasado lembrei do meu histórico de visitante de igrejas. Fui à várias, na esperança de ver coisas diferentes, e quando me convenci que era tudo meio igual perdeu a graça. Ganhava livro sagrado, me punham em listas, me chamavam pra festas, grupos de jovens, todo tipo de pressão sutil ou não sutil e jamais conseguiram. Sorria, desconversava, fingia que não percebia. Mais antigo ainda, lembro quando minha vizinha tinha com mais duas amigas um grupo que ensaiava coreografia da Xuxa para apresentar nas festas da família. Os ensaios eram secretos, para manter o suspense. A única exceção era eu, que podia assistir todos.
Cara, eu sou O Popular.
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