Conheci duas pessoas que já tiveram padaria, e as duas diziam que todo mundo, uma vez na vida, deveria trabalhar em uma. Dizem que o que a pessoa aprende em termo de relacionamento e humildade é sem igual. Então me arriscarei também em dizer que todo mundo que quer seguir uma carreira literária deveria ter um blog.
Passou a ser muito diferente pra mim o dia que decidi que conseguiria postar dia sim, dia não. Até então, como a maioria dos blogs, eu postava quando estava inspirada ou achava que tinha algo interessante a dizer. Desde que me propus esse desafio, tenho conseguido manter. Às vezes de maneira bastante indigna, como na última vez que enganei colocando uma tirinha. Noutras, me surpreendi de ter conseguido colocar vários textos inspirados por dias seguidos, mesmo nas condições mais adversas. Quem vê o número de linhas ou os temas não consegue distinguir quais textos foram cuidadosamente mastigados e debatidos daqueles que foram escritos às pressas, praticamente no momento da publicação. Essa disciplina de escrever sempre ensina muito: ela nos força a estar sempre em contato com a escrita, a nunca se desligar da nossa criatividade, a sair da zona de conforto e escrever sobre coisas e com estilos que normalmente não exploraríamos.
A questão do público é outra coisa muito importante. Embora o blog não tenha mais comentários, existe muitas maneiras de perceber o alcance dos posts: pelo número de acessos, de RTs, de referências, de e-mails. Escrever mais me fez ter menos controle sobre os meus conteúdos, porque muitas vezes sai o que dá e não o que eu acho bom. E a reação das pessoas me surpreende – posts que eu achava geniais tiveram pouca repercussão, posts que eu considerava simples foram populares. De um lado há o inesperado, o fora de controle, os detalhes que não parecem nada na hora que escrevemos e que nos surpreendem ao tocar as pessoas. Mas existe também uma regra, algo que mudou para sempre minha maneira de escrever: as pessoas gostam de sinceridade. Para flanar sobre um assunto com superioridade, dizer o que todo mundo diz ou repetir o senso comum, não é preciso abrir um link. Quem lê quer algo diferente.
Agora me desculpem a dureza da próxima afirmação, que só posso fazer porque ela me inclui. Este bloguinho nunca teve milhões de acessos, nunca foi citado em listas, nunca me trouxe mais do que satisfação pessoal, então, falarei mal de mim também. Meus anos de blog e de escrita têm me mostrado que a queixa de autores anônimos costuma ser injusta. Vejo um autor se queixando de que ninguém o publica, ninguém lhe dá bola e quando vou ler algo dele, acho que entendo o motivo. Existem desde os que não escrevem bem aos que até escrevem, mas… como direi? Não marcam. Eu aprendi a confiar no público. As pessoas recomendam, têm vontade de ler mais e de voltar naqueles que escrevem algo diferente e/ou bom. Se não conseguimos encantar em algumas linhas, em muitas páginas fica mais difícil ainda… Melhor do que se ver como um gênio incompreendido, é melhor perceber que algo precisa mudar.