Nada mais justo pra um blog onde só se fala de dança…
Arquivo mensal: maio 2008
Meu livro voltou!
Engraçado pegar nesse livro tanto tempo depois. Quando ganhei, li por mera curiosidade. Sempre achei engraçado como as pessoas à minha volta levavam a sério esse negócio de eu adorar ballet e tudo mais. Como se fosse todo mundo sem noção, como se as pessoas não percebessem que estou muito velha pra me meter com isso e me iludir com a história de dançar. Meu negócio, na época, era minha futura carreira universitária, transformar minha dissertação em livro, meu grupo de estudos.
Será que as pessoas notaram a verdade antes de mim ou fui eu que embarquei numa loucura coletiva? De qualquer maneira, ler Ana Botafogo agora tem tudo a ver.
Louca
Sabe aquelas crianças chatas de novela que falam como adultas? Essa era eu. Talvez pela infância que eu não tive, hoje eu seja uma adultecênte irresponsável. Todos têm as suas motivações, e no geral elas possuem uma questão de fundo: tenho que me preparar para o futuro. O futuro, a carreira no futuro, a poupança pro futuro, a fertilidade (ou ausência dela) do futuro. Não está bom agora, mas vai ser importante pro futuro. Não gosto disso, mas se eu largar no futuro eu vou me arrepender. Não estou preparada, mas se eu esperar demais no futuro eu não vou poder.
A cada dia que passa tenho me tornado mais incapaz de fazer o que não gosto, tenho começado coisas que não vejo a menor perspectiva, tenho me arriscado como nunca imaginei. Agora há pouco, acabei de cortar o último laço que me unia a mais uma carreira séria. Não preciso de ninguém pra me dizer o quanto eu sou irresponsável – eu faço tudo isso com medo, como naqueles filmes em que a mão se torna independente do corpo.
Entre louca a gênia, é ca-la-ro que eu estou na primeira opção.
Não leia aqui, leia lá!
Recomendações de pós-operatório
Não lembro de todos os filmes que eu vi. Aproveitei que veria tudo sozinha pra arriscar e pegar coisas que eu sei que o Luiz jamais toparia. Na primeira recuperação, eu peguei O Trem da Vida. Vi duas vezes e quase morri de rir. O chato é que não dá pra rir direito com a boca inchada e cheia de pontos, então tinha que cuidar dos pontos enquanto gargalhava. Na segunda recuperação, já calejada, não quis pegar comédia. Então eu vi Sexo por Compaixão e A insustentável leveza do ser. Pra quê! Fiquei morrendo de tesão e não podia fazer exercício!
Ou seja, se for pra ficar de cama, muito cuidado com o que for assistir!
Idéia inovadora
Curitiba e seus dedos gelados
Eu vivi aqui quase a minha vida inteira, e sempre me falam – você não é daqui, né? Com o tempo a gente vicia em ouvir isso. Porque eu conheço muita gente que não é curitibana, se queixa dos curitibanos, mas parece um curitibano perfeito. Porque, sem notar, a gente passa a adotar certas curitibanidades. Eu percebi isso quando vi a paciência dos paulistas com quem está perdido e pede informação. Aqui, o normal é rosnar pra qualquer estranho que nos aborde. Essa cidade tem dessas coisas. Eu a amo e a odeio.
Todo esse histórico foi pra dizer que durante anos eu tentei sair daqui. Poderia ter ido pra Salvador ou para São Paulo. Quis muito ir pra São Paulo. O tal emprego não veio, mas eu sempre tive dentro de mim a certeza de que o dia em que a oportunidade surgisse, eu fugiria de uma vez. Mesmo quando casei, mesmo quando compramos uma casa. O Luiz pode ser transferido pra outros estados, e eu sempre disse para ele estar atento. Agora mesmo, ele poderia ter se oferecido pra ir pra Goiás.
Mas, pela primeira vez em toda a minha vida, tudo está nos eixos. Do academia a turma de amigos, gosto de todos os lugares onde vou. Depois de muito sofrimento, consegui me cercar de apenas de pessoas legais. Almoço em restaurante naturalista, ganho convite pra teatro, tenho acesso a coisas exclusivas porque as pessoas me conhecem e gostam de mim. O mais importante de tudo: estou dançando, dançando e dançando. Tenho medo de perder tudo se sair daqui. Curitiba finalmente conseguiu me render entre seus dedos. A Teca – mais uma que tentou fugir e nunca conseguiu – disse que é sinal de maturidade. Eu sinto medo.
Novo recorde mundial em baladas
Tudo isso em exatos 1 hora e 30 min.