Medidas

Hoje era pra ser somente um dia de folga. Ao invés de aula, íamos tirar as nossas medidas pra confecção dos nossos figurinos. Eu fui de macacão, meia calça e uma blusa de algodão de gola alta. Quando cheguei na frente da costureira, tirei a parte de cima do macacão e achei que ela ergueria a minha blusa. Ao invés disso, ela passou a fita métrica em cima da blusa e soltou – cintura 76.

Como assim, 76? Tive vontade de perguntar se ela não se enganou na ordem dos números. Afinal, na adolescência minha cintura era 65 e estou malhando como maluca, sempre de dieta, magérrima e tudo mais! Mas não falei nada, voltei pra casa de péssimo humor, peguei a fita métrica e descobri que realmente não tenho menos de 70 de cintura. “Mas você tem cintura, você está magra, todos dizem que você emagreceu, suas calças estão folgadas, ela tirou a medida por cima da roupa e com folga!”, disse o marido. Eu, aos prantos: “Mas como você explica que as outras, também de roupa e com folga, tem 61, 63 de cintura!?”. Ele “Quantos anos elas têm mesmo, 15, 16?”

Conclusão 1: Eu odeio envelhecer.
Conclusão 2: Eu odeios os #@$%@ que dizem que a dança moderna não tem o mesmo padrão de magreza que o ballet.
Conclusão 3: Um dia a pessoa fica com anorexia e ninguém sabe o motivo.
Conclusão 4: Se aquele figurino não ficar folgado, eu me afogo no lago do Parque Barigüi.

Queixa

Eu tenho me queixado pra tanta gente, todos os dias, em altos brados, sobre o quanto está frio, o quanto estou irritada com esse céu cinza, que minhas costas doem por causa dos casacos e da mochila, que estou cansada de ficar encolhida o dia inteiro… que, enfim, todas as coisas que eu planejava escrever aqui ficaram velhas.

Acho que amigo é pra essas coisas.

Timidez

Tem gente que não concorda quando eu me declaro tímida. Pessoas que se deixam enganar ao me verem brincando no meio de amigos ou completanto dos vazios das frases nas conversas. Eu considero a timidez em seu estado puro um privilégio que o mundo nos tira – para o bem e para o mal. Quem pode se dar ao luxo de ser tímido quando da vida amorosa à entrevista de emprego, a gente tem sempre que mostrar todas as nossas qualidades em pouco tempo, meio como Enéas Carneiro em horário eleitoral?

No trato diário, restou pouco daquela criança muda no canto. O problema é que eu sou tímida e me meto na vida artística. Pra se mostrar para os outros é preciso um estágio a mais. Uma dose de sinceridade, abertura para o mundo, quem sabe até um exibicionismo. Pouca gente sabe que eu sou escultora; na dança, ainda estou para ver. Meu mais recente projeto anti-timidez é a aula de canto. Na primeira aula, cantei tão baixinho que a professora quase caiu da cadeira se inclinando pra me ouvir. E assim estamos, há uns quatro meses, em passos às vezes lentos e outras vezes mais lentos.

Este post é pra comemorar. Depois de mais de 1 mês encalhada na primeira lição do Vaccai, consegui cantar o maldito Fá. Descobri que tudo dava errado porque tentava subir o tom sem subir a voz. Coisa de gente tímida. Como diz a Isabel, minha teacher de canto: tenho que aprender a soltar minha franga!

Lista das quatro coisas

Eu sei que essas listas são mais interessantes pra quem escreve do que prá quem lê, mas blog é pra isso mesmo. Sem dizer que é um post comemorativo, porque sem querer reencontrei um blog que eu gostava muito de freqüentar, antes mesmo deste blog existir – o Belos e Malvados. A lista estava lá, junto com as poesias que dá vontade de anotar e a beleza do mundo dentro de Feira de Santana.

Vamos lá. E quem quiser fazer, sinta-se à vontade.

Quatro empregos que já tive: (vale não remunerado?)
– secretária
– artesã
– vendedora de curso de inglês
– auxiliar de professora de dança de salão

Quatro filmes que assisto sempre que passam:
– Matrix
– Uma linda mulher
– O fabuloso destino de Amelie Poulain
– Senhor dos Anéis

Quatro programas que gosto na tv:
– CQC
– O Aprendiz
– Top top MTV
– Caldeirão do Huck

Quatro pessoas que me mandam e-mail regularmente:
– Claudia
– Grupo de pesquisa em sociologia da saúde
– Meu marido
– Yiuki

Quatro coisas que não sei, mas deveria:
– dirigir
– cozinhar
– ganhar dinheiro
– pensar no futuro

Quatro coisas que faço diariamente:
– acesso internet
– ouço música
– almoço fora
– carinho na Dúnia

Comidas que gosto:
– pinhão
– arroz integral
– purê de batata
– pão com manteiga

Quatro objetivos a curto prazo:
– parar de sentir dor no joelho direito
– procurar o meu pêndulo
– ensaiar a coreografia pra apresentação de sábado
– recomeçar a ler o Neruda.

Nojinho

Eu lembro que não tinha o menor problema que falassem qualquer besteira enquanto eu comia. Isso até meu irmão mais velho começar a contar histórias de terror e narrar com a comida ilustrando. A crânio cortado era a melancia, o catchup era espalhado da mesma maneira como o sangue caía no chão, o corpo era esmagado como grãos de feijão, etc. Desde então, passei a ser uma pessoa sensível ao que se fala durante e da comida.

Eu parei de comer geléia de mocotó quando meu irmão mostrou no pé dele de onde era tirado o mocotó. Parei de comer goiaba quando me disseram que se a gente coloca o bichinho da goiaba dentro de um vidro, em poucos dias ele se transforma em mosca. Depois que minha mão disse que o bicho do caqui molinho é transparente e a gente come sem perceber, eu fiquei longos minutos olhando desconfiada, até me dar conta de que nunca mais comeria caqui.

O restaurante onde eu como todo dia havia me viciado em houmus. Nem sabia qual a origem daquilo. Pra parar de me encher de pão cada vez que ia no restaurante, eu colocava uma quantidade absurda de houmus num pedacinho de pão. Por isso, quando vi aquele consumo absurdo no filme Zohan, me identifiquei. Tem uma hora que um cara está com um prato cheio de houmus e fica passando o pão lá – coisa que eu sempre pensei em fazer. Hoje fui no restaurante e nada. Pode ser que eu nunca mais seja capaz de comer houmus por causa de um filme podrão. =/

Luta inglória

Compramos uma máquina de picar papel. A intenção era dar jeito nos vários sacos com recibos e documentos com muitos anos que estavam guardados no lugar onde deveríamos ter carvão. Como é meio divertido ver a máquina transformar tudo em listras, eu acabei com os sacos em menos de 4 dias.

Depois das contas antigas, descobrimos certificados, propagandas, rascunhos, exames e uma pilha sem fim de papéis. Quanto mais a gente mexe, mais papéis aparecem. Estou começando a ficar arrependida e desejando que todas essas folhas voltem pro lugar de onde elas nunca deveriam ter sido invocadas! :O