Eu tinha um crush. Quando eu comecei a stalkear, ele estava sozinho. Aí ele jantou romanticamente com uma mulher. Quando a vi, quis morrer, ela era linda. O problema é que não era uma linda por ter nascido apenas com traços bonitos, era linda no sentido de investir muito na sua aparência e personificar tudo o que se espera de uma mulher, do cabelo às unhas, dos gestos ao modo de se vestir. Vi ali que não tinha a menor chance, o tipo dele era boneca. Fui investigar e descobri que era um namoro de anos, desses que balança e nunca termina. As fotos de cervejada com os amigos foram substituídas por vida noturna, roupas da moda, outros casais e muita família. Ela era a candidata da sogra, aposto que frequentam os mesmos salões e lojas. Ele perto dela é um bebezão. Ela sem ele trabalha e sai com as amigas; ele sem ela surta e não sabe o que fazer do seu tempo livre. Quando me dei conta, estava torcendo por eles, ou melhor, por ela. Parecia que desta vez ia, pra todo mundo. Mas aí ele resolveu sumir numa longa viagem, foi solteiro, aproveitou muito, e nos últimos dias começou a “snif, snif, eu a amo!”. Fiquei torcendo pra ela não cair na conversinha mole dele. Caiu, eu vi a foto. Mas romperam de novo. Ele está caçando. E ela postou, há pouco, uma foto num paraíso tropical, radiante ao lado de um homem mais maduro. You go, girl!
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Foi dos momentos de crueldade involuntária que vai me doer o resto da vida. Uma vez uma parenta me contou, rindo, que quando contou pro seu irmão dos chifres do namorado, ele lhe disse para abrir uma fabrica de botões, e fez um gesto de cortar chifres imaginários. Então, quando minha amiga que o recém ex-marido lhe colocou chifres demais ao longo dos anos, fiz aquele comentário. Eu sei, como eu sou idiota. Era um casamento com idas e vindas, e na verdade me parece que ela não ligava muito pros chifres. Mas aí o marido, no dia dos namorados, comunicou que ele e uma fulana, também casada, que fazia parte do mesmo grupo de amigos, decidiram ficar juntos. E deixou para trás mais de dez anos de casamento. Quando ela me mostrou a foto da tal fulaninha traidora, eu fiquei sem fala: uma moça linda, com seus vinte anos. Não entendi pra quê largar tudo pra ficar com aquele cinquentão feio, pobre e grosso. Minha amiga se mudou, ficou sem cachorro, arranjou novos amigos – os antigos não cansavam de encher a tl dela com fotos do novo casal – e passou a ser figura fácil na noite curitibana. Adora samba e negão. Dois anos depois, a fulaninha foi embora e ele está devastado porque a mãe está doente. Pra quem ele liga? Ela atende, porque gostava da sogra, mas só se não está ocupada.
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