Encontro com o Mestre


Autor: Mestre DeRose

Resumo: Esta ficção relata a surrealista experiência do encontro entre o jovem DeRose, com 18 anos de idade e o Mestre DeRose com 58 anos. O jovem candidata-se à prática do SwáSthya Yôga e é recusado pelo velho Mestre. O que resulta daí é um diálogo com detalhes filosóficos, éticos e iniciáticos, envolvendo temas como: o vil metal, a reencarnação, o espiritualismo, o radicalismo, meditação, sexo, a multiplicidade de mestres e escolas pelas quais o menino passara. etc. O final apresenta uma surpresa inusitada que a maioria não vai notar, mas os que tiverem estudado os demais livros vão descobrir… se prestarem muito atenção!

Fonte
: Revista Mestre DeRose Yoga Review ano 2 nº6
www.yogareview.com.br

Se eu escrever um livro de mim num diálogo para comigo mesma, alguém aqui vai comprar? Olha que eu também sou mestre… 😛

Como dizer ma-ra-vi-lho-sa! em 8 línguas

É sério – esse é o nome de um guia de conversação para homens gays em viagens. Quem quiser saber detalhes, entre aqui. Olha só algumas expressões:

“Que biba enrustida!”
Inglês: What a closet case! (pronúncia: Wot a CLO-zet queis!)
Espanhol: Es un cigarrón (pronúncia: Es un ci-ga-ron!)
Francês: Quel homo refoulé (pronúncia: KÉHll omÔ rrefulÊ!)
Italiano: Che criptochecca (pronúncia: Que crip-to-QUE-ca)
Alemão: Was für eine verklemmte Schwuchtel (pronúncia: Vas für AI-ne ver-CLEM-te CHVUX-tel)

“Você curte o quê?” (no sentido sexual)
Inglês: What are you into? (pronúncia: Wot ar yu IN-tchu?)
Espanhol: ¿Qué es lo que te gusta? (pronúncia: Que es lo que te GUS-ta?)
Francês: Qu’est-ce que tu aimes? (pronúncia: Késske ty Éme?)
Italiano: Cosa ti piace fare? (pronúncia: CO-za ti PIA-tche Fa-re?)
Alemão: Worauf stehst du? (pronúncia: Vo-RAUF chtest du?)

“Cala boca, bicha”
Inglês: Shut up, bitch! (pronúncia: Châ-RÂP, bitch!)
Espanhol: Cállate, zorra! (pronúncia: CA-lha-te, So-ra!)
Francês: Ta gueule, salope! (pronúncia: tá GUÉle, saLÓpe!)
Italiano: Zitta, stronza! (pronúncia: TZI-ta, STRON-tza!)
Alemão: Halt’s Maul, Miststück! (pronúncia: Halts maul, MIST-chtüc!)

Intervalo

O ano não acabou mas na prática já acabou. Os lugares estão naquele clima de fim de festa e não chegarão a ter clima de festa – aqui em Curitiba nem uma mísera queima de fogos a prefeitura faz. Tentei adiantar umas ligações mas, quem não está em férias coletivas acha que você é um ET em tentar resolver alguma coisa agora. É como se o dia 27 a 2 fosse um grande buraco negro, nem lá nem cá. Só resta mesmo ficar em casa, fazer faxina e pensar “o que será de mim em 2007″…

Nota mal-humorada: Meus desejos mais sinceros em imediatos são de um 2007 sem aquelas piadas infames de “faz um ano que eu não te vejo!”. Grrrrrr! Ainda bem que perdi contato com a amiga que se sentia a própria Tom Cavalcante feminina quando dizia isso.

Um deserto chamado Curitiba

Esses últimos dias têm sido infernais. Em qualquer horário, os ônibus estavam cheios. Gente que nunca pegava ônibus, sotaques estranhos, cheiros ruins e muitas dúvidas de onde ir. Na rua XV, um festival de Papais Noéis trash – barbas mal feitas, barriga de travesseiro, sinos irritantes e mocinhas de mini saia vermelha se oferecendo pra bater uma foto. Os restaurantes de comida de todos os dias ficaram cheios de famílias reunidas em longas mesas, com crianças e tempo pra jogar conversa fora. Mas até este final de semana tudo isso acaba e entraremos numa nova fase.

A cidade se tornará um deserto e uma nova Curitiba será instalada no litoral. Todos que têm um pouco de dinheiro vão embora correndo, porque ninguém gosta de ficar aqui no verão. Há um consenso de que ficar aqui nesta época do ano é o fim do mundo, que a felicidade está no mar. As BRs ficam congestionadas, a rodoviária fica uma loucura, os pacotes turisticos disparam e são disputados à tapa. Não se encontra um único amigo pra telefonar nessa época do ano. É mais fácil encontrar as pessoas nas filas superlotadas pra comprar pão no pequeno comércio do litoral, que se mantém graças ao turismo dessa época.

Eu, no cúmulo da pobreza, sempre fico por aqui nesta época. E estranho muito encontrar meus amigos paulistas e cariocas on line. Não é em todo canto do país que as pessoas consideram sua própria cidade um porre.

Elogio à técnica

Ninguém espera que uma pessoa que adora matemática redescubra tudo que existe de matemática. E também não se espera que alguém que adora curar os outros faça isso sem passar por uma faculdade de medicina. Assim como alguém que dança muito bem não se ofende quando recomendam uma escola de dança para aprimorar seus conhecimentos. Óbvio, né?

Mas quando se trata de arte, a coisa deixa de ser óbvia. As pessoas querem ser artistas geniais, espontâneos, sem nunca terem lido um livro ou feito um curso. Acham que têm um talento natural; se conhecerem as técnicas, as escolas, a história e o conhecimento que foi acumulado sobre o assunto, a “pureza” do seu talento vai se perder. Elas não querem tirar a prova, ver o quanto seu trabalho evoluiría ou não se estivessem a par do que existe – “Ah, não! Se for pra ter que procurar um curso eu deixo de fazer!”

Assim é a minha vizinha, que acha que canta Imortal igualzinho a Sandy (ugh!). Assim são várias pessoas espalhadas por comunidades de artistas no orkut, nas lojas de artesanato, nos natais em família, na academia. Eu sou uma vítima especialmente vulnerável a isso, porque sou escultora e as pessoas me procuram pra mostrar seus trabalhos. Esses dias uma amiga me mostrou suas telas, que ela fez sem entender de tintas, cor ou composição. Pra piorar, ela ainda desenha mal pra cacete. Eu juro que tentei muito, mas não consegui soltar um elogio. Nem ao menos tinha algum tom de azul bonito pra eu dizer – nossa, que tom de azul bonito.

Técnica nunca atrapalha, só ajuda. Com técnica, não é preciso redescobrir a roda. Se há um grande talento natural, ele só será aumentado com a técnica. As coisas são mais rápidas, mais fáceis, mais diretas, logo, muito mais espontâneas quando se domina a técnica. A inabilidade faz com que coisas simples sejam dificeis, com que a expressividade do trabalho fique tolhida. Aí a gente vê por aí escultores que só fazem dorso porque são incapazes de esculpir mão e cabeça. Se a pessoa realmente ama aquilo, o que custa conhecer um pouco? Na realidade, eu acho que essas pessoas têm medo de descobrir que não são assim tão geniais – o que fatalmente ocorre quando você descobre o que os outros artistas fazem por aí.

Após demissão, homem descobre que não ganhou na loteria

Um vendedor de carros inglês pediu demissão ao seu chefe após achar que tinha ganhado cerca de US$ 2 milhões na loteria.

Steve Moseley, 36 anos, confundiu os números sorteados da raspadinha e, pensando que tinha ficado milionário, dançou em sua mesa, jogou dinheiro aos colegas e pediu para que um deles comprasse um champanhe.

O morador de Fornums, em Hampshire, após isso, pediu demissão ao seu chefe e ligou para sua namorada, Theresa Parsons, 27 anos. No entanto, sua felicidade durou pouco. Moseley ligou para a Loteria Nacional para reivindicar seu prêmio e foi informado que aqueles não eram os números sorteados.

“Eu achava que tinha ficado milionário e, logo depois, tive que implorar para ter meu emprego de volta. Eu disse ao meu chefe que eu amava meu trabalho e pedi que ele considerasse me recontratar, pois eu tinha acabado de agir como um idiota”, disse Moseley.

O vendedor de carros consegiu seu emprego de volta, mas dias depois pediu demissão novamente, por não agüentar as piadas dos colegas. Agora ele trabalha em outra empresa, segundo o The Sun.

(Link com a notícia)

Que situação, hein?

Balcão

Eu parei no balcão da cantina da academia e perguntei pra atendente se tinha algo sem carne. Ela começou a me mostrar as opções, disse que me faria um sanduíche e que ele vem com um matte leão grátis. Aí ela me preparou um big sanduíche, com direito a mussarela de búfula e tudo. Depois de assistir o Bob Esponja, disse pra ela que esses dias estava andando na rua com meu matte leão e um adolescente em bando me pediu um gole e fui obrigada a dar o matte para ele. Ela me contou que estava com um sorvete delicioso no ônibus e foi obrigada a dar o sorvete pra um louco qualquer. “Por que esse pessoal não vai trabalhar?” – ao invés de ficar roubando nossos refrescos de verão?

Aí, muito delicada e sem querer ferir meus sentimentos, ela me disse se não sabia se eu trabalhava ou não. Eu, sem querer ferir os sentimentos dela e muito timidamente disse que estava de férias, que tinha acabado de terminar a faculdade. Ela se entusiasmou, quis saber qual era o curso, onde era, que a federal era muito difícil, que Fulana não passou, que é muito difícil, que legal que eu estudei na federal. Aí ficamos em silêncio.

Eu, do lado de cá do balcão da minha academia. Ela, do lado de lá do balcão da cantina da academia que eu freqüento, me servindo um sanduíche. Ela, tão adolescente quanto tantas outras que entram na Federal. Mas elas nunca foram para o balcão, assim como eu nunca fui. Porque estudaram em escolas melhores, porque não precisaram trabalhar, porque nasceram em famílias com mais dinheiro. Tive vontade de falar pra ela o que Bourdieu* diz sobre esse processo cruel, chamado por ele violência simbólica – as idéias dos dominantes estão tão arraigadas que os dominados consentem com elas ingenuamente. Isso faz com que as pessoas desejem o que está dentro dos seus limites. Ela faz com que todos acreditem que o que separa as pessoas em servidores e servidos é a inteligência e o mérito. Que as adolescentes que fazem faculdade são muito mais inteligentes e esforçadas do que as que ficam atrás dos balcões.

Mas eu não disse. Ela quebrou o silêncio e voltamos a falar do sanduíche. Eu paguei e desejei sinceramente que ela tivesse um bom fim de semana. Ela sorriu de volta e eu fui embora.

* um dos sociólogos mais badalados da nossa época. De epistemologia a feminismo, passando por educação, ele escreveu um pouco sobre tudo. De acordo com Bourdieu, a sociologia é “um esporte de combate” . Eu adoro essa frase.

Eufemismo

No Japão, às escondidas, algumas estudantes vendem suas calcinhas acompanhadas de fotos. Por outro lado, marmanjos japoneses compram o kit, escondidos. Tudo muito escondido porque as famílias das meninas e as esposas dos marmanjos não acham legal esse tipo de comércio. Sabe-se lá o que se diria da moral dessas meninas e da libido desses homens.

Já quando um cara oferece 50 mil reais por um piercing genital de uma pelada famosa, ele é um admirador. Ah, tá.

Donos de cães

Quando decidi adotar a Dúnia eu não sabia, mas estava mudando de status perante a sociedade. Pude notar até pelo pedreiro que sempre cuidou daqui de casa – de casal jovem que vivia para si mesmo, viramos um casal com cachorro, quase uma família. Um serzinho comia meus móveis e eu deixava, mijava no meu chão e eu educava; eu tinha vontade de matar um serzinho e o amava. Ter um cachorro faz com que os outros nos vejam como mais responsáveis e maduros.
Pra começar, pelo fato dela ser vira-lata. Nem todo mundo tem vira-lata, mas quase todo mundo adora vira-lata. “Eles são os melhores” e aí começa uma história sobre a inteligência e a fidelidade dos vira-latas. Isso é a deixa pra eu contar que a Dúnia, este lindo cachorro preto e brincalhão, quando neném foi abandonada numa pet e me conquistou assim que a vi. (Nessa parte todos fazem OHHHHH!) Ser dono de vira-latas nos coloca num estado status diferente dos donos de cachorros de raça- somos os que amam incondicionalmente os cães.

Peixe é meio abstrato pra mim, não consigo me apegar a um bichinho que eu não posso pegar. Quando eu me mudei, plantei umas 3 espécies diferentes de plantas e por mais que falasse com elas, todas morriam. Me convenci que o problema era com a floreira, até que meses depois passei a ter vizinhos e as floreiras deles vão muito bem obrigada. Pessoas com casas sem vida são frias. Casas são frias se não tem um animalzinho dentro. Chegar em casa é sempre um acontecimento pra quem tem cachorro.

E tem aqueles prazeres indescritíveis, mas que nós donos de cachorro adoramos falar – o quanto eles são inteligentes, os trejeitos, as manias, as coisas que aprendem sem que a gente ensine, as atitudes surpreendentes. Só quem tem cachorro entende como alguém pode chegar cedo em casa só pra não deixar o bichinho sozinho, como pode se derreter com todos os filhotes de cães que existem por aí, como pode se divertir antecipando a reação do cachorro com alguma novidade. E o que dizer do grande prazer que é olhar para um cachorro? Por mais que eu não saia pra brincar, só o fato de olhar a Dúnia pela janela me faz feliz. Inegavelmente, ter cachorros nos torna mais humanos.

Crise dos quase 30

Não sei que idade que a gente pode falar da crise. Aquela, que a gente começa a se perguntar se fez bem em virar à direita ao invés de seguir na diagonal. Que torna estranhos os hábitos e os gestos banais. Surge a pergunta se tudo poderia ser diferente. Sim, estou desse jeito. Entrei numa loja de sapatos com uma amiga (da mesma idade que eu), que comprou bolsa de couro e sapato de salto enquanto eu estava de sapatênis e camiseta “Mussum forévis”. O mesmo visual que, horas antes, fez com que um monte de arrogantes nem olhasse pra minha cara porque eles fazem pós-graduação em museologia, hohoho…

Será que deveria tomar jeito, parar de usar camisetas engraçadinhas, mochila com dinossauro e tênis? Será que deveria ter um cabelo sério ao invés de cheio de pontas? Será que eu deveria pintar o cabelo de uma vez ao invés de arrancar os fios brancos? Será que deveria andar por aí com cara de 30? Parar de querer ser artista, parar de querer dançar, parar de querer ser uma pessoa legal… e assumir a arrogância dos acadêmicos, a distância das mulheres casadas, a seriedade dos profissionais, o consumismo das classes médias, a frieza dos curitibanos?

Quem sabe aí haveria um lugar no mundo para mim. Onde eu não parecesse estar na turma errada, na idade errada, na profissão errada e com a atitude errada. Aí, quem sabe, as pessoas parariam de perguntar se eu não sou daqui, não se espantariam com as minhas ocupações, não mudariam de atitude quando descobrem os meus títulos, não me detestariam quando descobrem a minha idade. Um mundo onde eu não pareceria ser contraditória. Em algum lugar, pareço ter virado mais à direita do que as outras pessoas.