Normalmente eu saio mais feliz da aula de flamenco, e desta vez foi o contrário. Eu já não cheguei bem; aí assisti aula na turma anterior, que está aprendendo uma coreografia que eu adoro e dancei no ano passado. No processo de ensinar, parar e fazer devagar, ficou muito claro o quanto meu sapateado é sujo. Esse sempre foi meu maior problema, desde que comecei a dançar flamenco. Pessoas com menos tempo e menos nível de flamenco são capazes de ter um sapateado mais limpo do que o meu. Fiquei irritada comigo mesma de chegar numa aula em que deveria arrasar e estar cheia de dificuldades.
Por falar nisso, a Dúnia está fedendo tanto que parece que eu realmente tenho um cachorrão aqui em casa. Ela fede como um cachorro enorme e as semanas passam e eu nunca lembro de marcar o banho dela. Não tive mais tempo de sair com a Drogon, foi só o passei de chegar em casa. Estou preocupada com a minha falta de fôlego, com as marchas que eu não sei lidar (nos anos 80 as bicicletas não tinham todas essas frescuras) e com as muitas subidas pra chegar na minha casa. O segundo exame do DETRAN está chegando, duzentos e cinquenta paus jogados fora se eu não passar. Sabe o quanto eu teria que ralar pra conseguir duzentos e cinquenta paus? Tenho costurado sempre e parece que estou sempre aquém dos prazos. Sem dizer que as pessoas são muito bonitas e legais, desde que o dinheiro não entre na jogada. Algumas mesquinharias têm me irritado, embora não propriamente me surpreendido. Sem dizer que…
… que eu tenho que dizer para a minha imensa autocrítica que um decreto lei me proíbe qualquer cobrança esse período. Não posso mais do que já estou fazendo. Tenho cumprido tudo direitinho. Tenho sido legal, tenho me alimentado, tenho levado o cachorro pra passear, tenho acordado cedo, lavado louça. Não tenho lido e nem postado no blog, mas ninguém sente falta ou me paga pra isso. E tenho enfrentado tudo sem família e sem antidepressivo. Até a minha vida se estabilizar, até o grande elefante sair da sala, até a gigantesca mudança de vida terminar, todo o resto é supérfluo.