Eu já fui ávida leitora de livros de fengshui e já dei dicas informais sobre o assunto pra algumas pessoas. Os bons livros sempre diziam que com o tempo as coisas ficariam internalizadas e a gente terias as nossas próprias intuições a respeito desse assunto. Então, com internalizações e intuições, o que restou é uma série de regras que não tem nada a ver com letras chinesas, espelhos e todas as outras coisas que amantes de fengshui tanto adora. É um fengshui particular, que se parece muito mais com o livro
Simplifique sua Vida, que eu adoro.
Aí vai o meu des-fengshui:
1. Quem é você?
Não acho certo dizer que a casa de alguém tem que ser assim ou assado. A pessoa deve se sentir bem dentro da sua casa, ela deve refletir o seu jeito. Não faz sentido não usar o número 4 se você não fala chinês*, ou encher a casa de símbolos que você nem sabe o que significam direito. Lindo é ver o dono de uma casa estampado em cada escolha, em cada objeto. Casas assim têm calor, têm história. Quando a casa fala do dono, nada é brega ou colorido demais. Uma casa linda que não se parece com o dono é como uma roupa chique que não é o estilo de quem está vestindo. Nesse sentido, acho que falta um pouco de coragem nas escolhas das pessoas.
2. Quais as suas prioridades?
A casa ideal é feita de acordo com o estilo de vida de cada um. Vou dar um exemplo: eu moro aqui há mais de 6 anos e até hoje não comprei uma mesa de jantar. E talvez nem compre. Quase nunca comemos aqui, não cozinhamos para os outros, não recebemos as pessoas pra comer. Então, pra quê? Pense em qual o cômodo que você mais usa em casa e o valorize; liberte-se da máxima sala-de-estar/sala-de-jantar. Vale tudo: transformar a sala em estúdio pra quem é músico, em escritório pra quem trabalha em casa, etc.
3. Tudo nos conformes
Ou, como se diz, cada um no seu quadrado. Muitas coisas chegam em casa e ficam no limbo dos objetos: eles vieram para ficar mas ainda não tem um lugar destinado a eles. Então eles ficam pelos cantos, em lugares temporários, atrapalhando a decoração original. Quando maior o limbo, mais desorganizada a casa é. Acho que olhar para as coisas sem saber se elas vão ou ficam é como manter muitas decisões em suspenso. Quanto mais rápido você puder decidir se guarda ou joga fora, menos um problema na vida. Nem que você decida que aquele lugar estranho é o lugar definitivo.
4. Use tudo
Não é incomum as pessoas precisarem de mais, sendo que na verdade não usam tudo o que tem. Casas enormes onde na prática somente um ou dois cômodos são usados. Armários abarrotados de roupas sendo que mais da metade não é mais usável. Geralmente isso acontece justamente com quem tem espaço demais. Quem vive em apartamentos apertados logo aprende que não dá pra ter tudo, senão a gente corre o risco de dormir na portaria.
5. Escolha o melhor
Dica do
Simplifique sua Vida: ao invés de ter um monte de coisas que você não usa, escolha as melhores e passe o resto adiante. Pode ver: por mais limpezas que a gente faça, as coisas se multiplicam de maneira descontrolada. Se você não consegue mais abrir as gavetas, não é apenas porque ela está desorganizada: é provável que você tenha que jogar um monte de coisas fora. Lembre-se da máxima: se está há mais de 6 meses sem usar, é provável que não usará nunca mais. Isso sem falar que doar nos torna pessoas melhores.
6. Cheirinho de limpeza
Não tem como negociar: casa limpa é importante e ponto final. Eu não tenho faxineira e sei muito bem o quanto isso é difícil. Mas tem que ser. Mesmo porque a boa faxina sempre nos obriga a olhar todas as regras anteriores: se tem coisas sem classificação, se os móveis são adequados pra gente, se você se sente bem em casa. Limpar tira as coisas do lugar, organiza a vida, ajuda a pensar, exercita… enfim, nem preciso justificar. Lugares sujos passam sempre a idéia de abandono. Por mais que o nível de tolerância à sujeira seja variável, todo mundo se sente melhor num lugar limpo.
Não teve nada místico, né? Então aqui vai a última:
7. Pense simbolicamente
Não apenas a casa fala de si como fala para si. Mesmo sem notar, os objetos da casa estão constamentemente influenciando quem vive dentro dela. Quando falo de símbolos, não falo apenas de imagens religiosas; cada objeto é capaz de nos dizer algo bom ou ruim. Algo bonito pode trazer lembranças ruins se associado a uma situação ou pessoa de quem não gostamos. Como a minha mãe, que teve durante anos
A Tentação de Santo Antão no quarto e depois passou a achar a imagem meio pesada de se olhar toda manhã! . Pra saber se o simbolismo é bom ou não, vale a regra dos sonhos: a intepretação mais importante é a do dono.
* Em chinês, 4 e morte se pronunciam de maneira semelhante. Por isso, na China, o número 4 é considerado de mau agouro. Alguns livros tentar importar essa regra, ignorando que aqui as duas idéias não tem a menor relação!