– Estou nos apartamento Granada, no segundo quarteirão do lado norte da Rua Oito. Apartamento 618. Dê-me dez minutos. Prefiro ir sozinha.
A criatura diz isso disfarçadamente, olhando para uma vitrine para fingir que nem estavam conversando e, dez minutos depois, Philip Marlowe estava lá. Ou no Duro de Matar – a vingança, o psicopata assassino ficava ligando pra vários pontos da cidade, passava uma charadinha rápida ou uma indicação de endereço. John McClane e o outro tinham que ouvir direito, adivinhar o sentido, achar o endereço e chegar correndo, senão, lá se iam muitas vidas inocentes. Sempre que leio ou vejo esse tipo de coisa, penso que realmente não tenho a menor vocação para salvar o mundo. Correndo assim, nem se fosse um endereço conhecido. Se quer que eu vá em algum lugar, tem que falar o endereço devagar, dizer se tem alguma loja conhecida por perto e qual ônibus que pega. Da minha parte, vou procurar o endereço no Google Maps e anotar num papel até mesmo quantas quadras eu tenho que andar. Imagina que bonito que seria um filme desses comigo de detetive, tirando o bloquinho de anotações de bolso e pedindo pra criatura repetir o que disse.
No exemplo acima, se Philipe Marlowe fosse, ia parar na rua Guatemala número 118.