No post passado eu levei tanto tempo construindo o argumento astrológico que depois não consegui chegar no que eu queria dizer, que é a questão da tomada de decisões. Todos nós, de certa forma, somos como balanças desreguladas e o grande tchans da maturidade é conhecer esses limites e saber lidar com eles. Podemos chegar a isso de uma maneira astrológica, como por exemplo dizer que a pessoa tem um Saturno que influencia fortemente a Lua, o que lhe dá pessimismo e tendência a encarar tudo como desamor; mas também é possível chegar analisando os próprios padrões e como a nossa história coloriu a lente com que olhamos o mundo. Há poucos dias eu soube de uma recém formada, filha de uma conhecida, que passou na primeira etapa de uma seleção de emprego disputadíssima. Eu a conheço e pensei: claro que passou. Eles tinham diante de si uma jovem que teve acesso não apenas ao de melhor em termos de educação e do que o dinheiro pode comprar, mas também de amor, suporte, oportunidade de errar. A quantidade de fantasmas e dores que eu (e a maioria da população) tinha quando me sentava diante de uma avaliação dessas pesava de uma maneira que os próprios contratantes não tinham noção.
Quando novos, somos todo instinto e como a situação nos parece. Tudo dizia que não era uma boa hora de falar, mas você não se segurou e foi lá e disse tudo; tudo indicava que era melhor aguardar o desenrolar dos acontecimentos, mas você vai lá e precipitou uma situação só porque não suportou a incerteza, e por aí vai. A maturidade vem quando você percebe que não é porque você está sentindo que é o certo ou a melhor coisa a se fazer. Eu diria pra pessoa de Saturno/Marte que ela sempre vai sofrer decidindo, ou seja, não é porque ela não se sente segura que está errado; diria pra pessoa Saturno/Lua que ela provavelmente está interpretando a atitude do outro de uma perspectiva mais pessimista do que real. Se você, como eu, ia nas entrevistas suada porque pegou ônibus, desconfortável porque precisou vestir algo mais caro do que o seu normal, se sentindo despreparada porque não pode fazer curso de línguas quando era criança e nem as especializações que queria, ansiosa porque cada fracasso correspondia a mais um mês de contas apertadas, ou seja, se a balança que dentro de você não têm o equilíbrio perfeito para o sucesso, a única saída para a felicidade é agir apesar de você.
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