Fazer as pazes

Muitas vezes a gente só sabe que passou anos brigado no momento em que perdoa. Não estou falando do relacionamento com outras pessoas, porque aí é muito mais fácil de saber. Tô falando de quando a gente é brigado com uma parte nossa. Alguma coisa na vida ou na gente não vai da maneira como deveria, então a gente adota a prática de nem pensar no assunto. Ou a detestar o assunto.

Aí um dia você está andando por aí, começa algo novo e – pumba! – sem querer aquilo te alivia uma outra parte, e faz com que você se perdoe de uma coisa que aconteceu lá atrás. E isso é totalmente ótimo.

Diga-me com quem andas…

Desde que comecei a me dedicar à dança, eu passei a me sentir gorda. Entrei em dieta, perdi quase 5 quilos, minhas calças estão todas largas; mas quando estou em aula…

Concluo então que a auto-estima da gente é a coisa mais frágil do mundo. A noção do que somos e como estamos depende muito mais do meio do que gostamos de admitir.

Professores de universidades federais

Sabe aquela hierarquia entre professor e aluno? Multiplique por mil e chegamos à distância entre um professor de universidade federal e um aluno qualquer. Até mesmo um ex-aluno. Ou até mesmo um ex-aluno de pós-graduação. Como a vida deles transita em torno da universidade, eles parecem acreditar que a universidade é o centro do universo. Tente marcar horário com um deles pra você ver. Eles não precisam se dar ao trabalho de sentar e te dizer direitinho quando estão lá – eles são muito ocupados, sabe como é. Você deve aparecer num horário provável e esperar. Na frente da porta, no corredor. Esperar por horas não garante que ele vai aparecer, porque eles vivem esquecendo que marcaram com as pessoas – eu já disse que eles são ocupados. “Mas amanhã eu vou lá”, porque está tudo bem passar hoje, amanhã e depois de amanhã atrás de um professor, uma assinatura. Super normal. Alguém já te informou que a universidade federal é o centro do universo?

Constrangimento

É raro termos amigos muito mais alguma coisa do que a gente. Por isso, quando o amigo muda de status e a gente não, fica aquele clima. Como ficou com as minhas melhores amigas quando eu conheci o Luiz; éramos 5 amigas, uma delas namorava firme e só eu e a Jane não queríamos casar. Resultado: eu fui a primeira a casar depois da que namorava firme. Depois foi a Jane, claro. Foi muito esquisito. Elas encontravam um homem e perguntavam “então, ele é Ele?” E a outra respondia “ele é legal, mas ainda não é Ele”. Eu tirava onda e dizia que esse negócio de ficar falando d´Ele parecia algo meio de divindade. Aí eu achei o meu Ele e elas continuaram solteiras durantes muitos anos.

O ano passado todo, tenho certeza, foi um constrangimento para os meus amigos. Da minha vida universitária cheia de possibilidades, eu fiquei 1 ano desempregada. Eu nem tocava mais no assunto, porque chega uma hora que a gente não tem o que dizer. Eu os procurava pra me divertir, por isso não ficava choramingando. Eles, muito gentis, evitavam falar dos seus progressos profissionais pra mim. Um constrangimento, sem dúvida.

Estou escrevendo este post porque uma amiga muito muito querida acaba de sair desse limbo – a Ana Paula. Ela, como eu, passou o ano inteiro procurando emprego. Dizíamos que éramos as únicas que podíamos procurar pra ir no cinema quinta-feira no horário promocional – coisa que não fazíamos tanto assim, porque desempregado tem tempo mas não tem dinheiro. Quando entrei na dança este ano, me senti realizada e (confesso!) não tive muita coragem de dividir isso com ela. Oras, eu sabia mais do que ninguém o quanto a gente se alegra e ao mesmo tempo fica triste quando a vida dos outros anda e a da gente não.

Enfim, estou MUITO feliz! Párabens, Ana!