Nota sobre levar bolo

É assim: você convida a pessoa com uma semana de antecedência, faz faxinão na casa, compra um monte de coisinhas gostosas pra servir. Chega no dia, a pessoa arranja churrasco de última hora na casa do namorado e avisa que vai atrasar uma hora. As horas passam e pelo passar das horas você conclui que ela não vem. Legal, né? Tem também a versão: você convida combina com a pessoa pra jogar War e todos aqueles itens de faxina e coisas gostosas. No dia a pessoa não tem a chave de casa, aparece em outro local com atraso, vai comprar o War de última hora no shopping, pra chegar lá e descobrir que aqui o jogo custa mais caro do que no nordeste (!) e decide dar a volta e não te visitar mais.

Ah, preciso falar mais alguma coisa? :X

Vizinhos

Dizer que todo mundo em Curitiba conhece alguém em Santa Catarina não corresponde exatamente à realidade – todo mundo em Curitiba tem parentes, amigos, histórias e conhece Santa Catarina. Assim como pessoas que moram em outras regiões sonham em se mudar pra Curitiba, o sonho do curitibano é se mudar pra Florianópolis. Por tudo isso, se essa tragédia fosse em Mato Grosso ou São Paulo, ela não pareceria tão daqui do lado.

Do you remember when we fell in love?

Continuando minha campanha de embregamento, eu redescobri há alguns meses o que parece que tem acontecido com todo mundo: eu gosto de Michael Jackson. Tá, eu sei que ele é pedófilo, branco, sem nariz e completamente maluco. Mas, sabe, às vezes eu estava com uma música super legal na cabeça e nem lembrava mais de onde eu tinha ouvido. Aí digitava o refrão no google e descobria que era dele. Além de serem uma delícia de dançar, as músicas românticas são tão tolinhas, tão doces.

Michael Jackson – You Are Not Alone
http://www.mp3tube.net/play.swf?id=5f542797c6a7699812cc3a6ea1d66a1a

Eu estava a fim de comprar o CD mas nem precisei. Baixei uma por uma e estou adorando.

Os 7 malvados

Tem coisa mais de cortar o coração do que negar abraço pra uma criança? Pois é justamente isso que eu farei no espetáculo. E mais de uma vez.

No fim das contas, com todas as crises e conflitos, eu fiquei no grupo privilegiado das 7 pessoas que mais vão dançar na minha turma. Desde segunda tenho ensaiado a tarde inteira e estou um caco. Quem não faz parte desse grupo está chateado e se sente papel de parede. Eu tinha prontinho um texto falando dos critérios injustos e agora não posso entregar porque vai soar muito ingrato. E o Diretor, desde que me viu dançar, me olha com respeito.

Agora eu entendi porquê toda escola que se preze tem apresentação de fim de ano. O porquê quem fica mais tempo se sente importante, qual a magia que faz todos voltarem mesmo depois de tanta disputa. E em dezembro será a apoteose, e vou saber o que é fazer parte de uma apresentação grande, ser destaque, a grande magia do palco.

E, apesar de tudo isso, eu vou embora.

Clube dos insensatos

Nós, os insensatos, nunca somos ambiciosos. Dificilmente escolhemos carreiras lucrativas; se chegamos a fazê-lo, conseguimos transformar isso num trabalho social, voluntário, gratuito ou abandonar tudo sem dó. Mesmo que ateu, um insensato é sempre uma pessoa de fé – em Deus, no destino, na humanidade ou no dinheiro de papai. Todo insensato acaba aprendendo que o orgulho é um privilégio acessível apenas àquela outra classe de pessoas que se preocupa com o futuro. Outra maneira de definir a insensatez é a linda expressão carpe diem.

Se quiser um amigo que nunca te aponte o dedo, procure um insensato. Pra nós, o argumento de que rende rios de dinheiro é tão válido quando eu sinto prazer fazendo isso. De onde se pode concluir que o capitalismo só existe porque ainda somos em muito poucos nesse mundo.

Lado Monk

Sim, eu ando com álcool em gel dentro da necessaire. Isso começou depois que eu comecei a ter que brincar com um cachorro imundo cada vez que tenho que sair de casa. Como se isso não bastasse, eu sou daquele tipo de lê as informações nas revistas e nunca mais esquece. Como naquela vez (até postei aqui no blog), que eu li que o celular é mais sujo do que sapato e tampa de privada. Desde aquela data, além suspeitar do meu próprio celular, tenho nóia de emprestá-lo. Porque minhas bactérias e a mistura da minha mão suja, minha saliva e minha cera de ouvido tudo bem – mas ter que conviver com a mistura da mão suja e etc. dos outros já é nojento demais.

Pra piorar a minha situação, li mais uma dessas revistas. Era uma Saúde, lá na academia. Mais uma dessas pesquisas infelizes que ficam contando bactérias. Agora é o teclado: cada teclado de computador tem mais bactérias do que nota de dinheiro. Isso porque tem gente (eu) que come na frente do computador e não se preocupa (eu) em lavar a mão antes de digitar. Ai, que nojo.

Eu PRE-CI-SO de álcool isopropílico. E parar de ler essas revistas.

Coisas simples

Hoje levantei e fiz algumas coisas que me incomodavam faz tempo, mas que eu não conseguia fazer: limpar a tampa do lixo, arranjar um lugar pras caixas do Wii, guardar o aquecedor, limpar os porta copos mofados (péssima compra da Tok Stok) e N coisinhas espalhadas pela casa. Começar a arrumar o meu espaço é sinal indiscutível que eu finalmente estou saindo do buraco. 🙂

Hoje é meu aniversário de casamento. Eu poderia pedir pra ir a qualquer lugar, e disse que estava cansada e queria ficar em casa. Aí o Luiz me fez um pedido muito especial: ele quer sair pra comer cachorro quente. Coisa que nós nunca mais fizemos depois que eu comecei com essa história de ser bailarina. Um fofo, o meu Mr. Darcy.

Não dá pé!

Eu já me conformei: não adianta passear pelas vitrines em busca de lindas sandálias com tirinhas. Elas nunca cabem no meu pé. Nunca, nunca. Quando eu compro sandálias, tenho que me conformar com as que fecham, porque 98% delas ficam folgadas. Os sapatos abertos que eu tenho são de elástico e meia hora depois estou arrancando aquilo com medo de ter gangrena no pé. Ter extremidades magrinhas dá nisso.

Agora, quando eu comprei uma meia em forma de sapatilha e a tira ficou mais de 3 dedos sobrando de tão folgada, aí deu raiva mesmo. Pô, nem meia eu posso usar em paz?

Capital simbólico

O grande fio condutor de todas as ações sociais, para Bourdieu, é o desejo de distinção. A sociedade é formada por vários grupos, onde a moeda de troca (ou capital simbólico) é específica de acordo com os valores do grupo. Dentro da universidade, onde me criei, o que importava era o quanto você se sai bem nas provas, se publica artigos, se fez alguma pós, como está seu currículo Lattes, que instituição freqüenta. Ser muito bonito, vaidoso e exibir símbolos de riqueza são até mal vistos – mostram que você investe seu tempo em coisas que não importam.

Agora estou em outro meio e o capital simbólico é totalmente outro. Ter um corpo bonito e jovem agora faz parte da profissão e confesso que esse determinismo genético me parece muito mais cruel do que quem vai ou não para congressos. É claro que eu sabia que o papel de solista não estava reservado pra pessoas que começam tarde. Mesmo assim, sei lá, eu tinha minhas ilusões. Algo como se emagrecesse e me esforçasse bastante. Isso sem falar naquele item maldito (na qual algumas pessoas não acreditam) chamado talento.

Em outras palavras, onde eu fui amarrar meu burro?