Há poucos dias uma artista que eu sigo no Facebook, e com quem não tenho intimidade, postou a notícia de uma performance que teve na USP de uma moça pintada de preto e era mijada por um rapaz. Ela estava indignada com o absurdo, convocou um amigo negro e disseram que aquilo era apologia à violência e ao racismo. Junto com outra amiga dela, eu disse que não via assim, que era justamente o contrário: o choque era para mostrar as relações entre negros x brancos, homens x mulheres. Ela não disse nada e eu, por ver nela uma pessoa envolvida com arte, interpretei seu silêncio como concordância. Dias depois, a vi compartilhar um texto com a mesma posição sobre a tal performance. Aí eu entendi que ela não concordou e sim me ignorou. Que não quis discutir comigo por achar que não vale a pena entrar em discussões – política que eu também adoto na maior parte do tempo -, mas que meus argumentos não mudaram nada. Eu acho chato problematizadores enfurecidos, então entendi a posição dela. Ao mesmo tempo, fiquei decepcionada e desativei as notificações.
Este vídeo não tem, por parte do Porta dos Fundos, nenhuma mensagem subliminar. Mas ele representa como eu tenho me sentido diante da mais nova mentalidade medieval brasileira.
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