O que acontece quando uma Iansã hospeda uma Oxóssi? O que aconteceu na minha viagem a Florianópolis.
Os dois são caçadores, buscadores, fora do cotidiano. Nas nossas longas conversas, no passeio pela cidade, nos assuntos, nas idéias, no que falávamos sobre as pessoas… estar com a Camila foi o melhor da viagem toda. Dramática, conquistadora, fascinante, extrovertida – a Iansã-Camila é um imã de pessoas, de atenções, de oportunidades. Uma embaixadora extra-oficial de Moçambique, sem dúvida. Ela nos faz amar e valorizar a cultura africana – uma cultura que produz uma pessoa dessas não pode ser pouca coisa!!!
Eu, caçadora solitária, tive que lutar muito pra conseguir ser um pouquinho menos fechada. A Camila, senhora dos ventos, elogia, abraça e demonstra carinho com uma facilidade espantosa. Ela gosta de pessoas… e meu eu-Oxóssi gosta de solidão. Ficar ao lado de alguém que preza a intensidade, me fez ver o quanto eu sou correta e responsável. Mais do que de alegria e conversas, eu vivo de solidão.
Estar numa casa com um entra a sai constante de pessoas, com acontecimentos mutáveis, sem horários definidos, compromissos não cumpridos, conversas infinitas… foi algo totalmente contra a minha natureza. Por mais que a conversa seja interessantíssima (e os amigos da Camila são uns amores), eu preciso me recolher; por mais divertida que a reunião seja, eu preciso ficar quieta. E, em termos bem práticos, eu sofri muito com a fumaça de cigarro.
Estar em lar de Iansã foi feliz e sofrido. Iansã é fascinante, Oxóssi é alegre – mas também independente e silencioso.