Minha definição preferida de amor

… está no filme O turista acidental. No início do filme, a esposa pede a separação. Eles tinham perdido um filho há pouco tempo e a relação estava desgastada. Os dois escreviam guias de viagem – de acordo com o editor, ele era perfeito para o emprego justamente por odiar viajar. Assim como o resto da família, ele era introvertido, metódico, organizado, previsível.

Ao mandar o cachorro para adestrar, ele conhece ela. Ela é brega, extrovertida, escandalosa, afetuosa, falante, maluca. Fala alto, usa unhas postiças enormes, usa roupas coladas e de cores extravagentes. Ela vai atrás dele, e ele só aceita ter algo com ela depois de muita insistência. A esposa volta no final do filme, disposta a tentar de novo. Ele fica na dúvida, acontecem aquelas coisas de filme, ele volta com a esposa, ele volta para ela.

Agora vem a parte que eu gosto:

A esposa pergunta a ele porquê a outra, o que ele fazia ao lado de alguém como ela. Ele responde:
– Eu descobri que mais importante do que amar alguém é o que somos quando estamos do lado desse alguém. Aquela mulher louca faz de mim um homem melhor.

Porque orkuticídio

Glória Kalil, no seu novo livro sobre etiqueta, fala que há roupas que é difícil mas necessário se desfazer. É muito difícil se desfazer de uma roupa de griffe, porque ela custou caro e ainda está nova e etc. Mas quando está fora de moda e não vai ser usada, pra que guardar? Outro tipo de roupa é aquela que não combina mais com o estilo de vida. Ela cita o exemplo de um vestidinho floral pra uma executiva que só usa tailler – é uma graça, mas não dá mais. Guardar essas roupas não faz sentido e ocupa o espaço de roupas úteis.

OU

No filme O povo contra Larry Flynt, o protagonista leva um tiro e (não lembro o motivo), passa a sentir muitas dores. Para aliviar essas dores, ele passa a usar morfina e, claro, fica viciado. Sua esposa (Courtney Love) se vicia também. Depois que ele consegue fazer outra operação e passa a não sentir dores, ela aparece no hospital e lhe oferece uma droga. Ele diz – Baby, eu usava porque sentia dor. Agora eu não sinto mais dor, logo, não preciso mais disso.

Nos últimos quase dois anos eu passei quase 12 horas por dia em frente ao computador. Tinha trabalhos da faculdade, trabalhos do mestrado, transcrição de entrevistas e a dissertação para escrever. Eu já estava por aqui o dia inteiro mesmo, e para acessar meu orkut bastava mudar de janela. Eu aliviava a tensão, ria bastante… e tudo isso sem sair de perto do meu trabalho. Foi ótimo e inevitável ficar viciada.

Agora eu estou quase mestre, não tenho mais aula do mestrado e peguei as optativas que faltavam para me formar. Foi um período de sacrifício, nem eu sei como agüentei trabalhar tanto. Nesse meio tempo, uma das coisas que deixei de lado foi a escultura, e isso doeu. Agora, não tenho mais que ficar por aqui.

O orkut me deu muito mais do que esperava – eu só queria relaxar um pouco e fiz grandes amigos. Conheço quase todos pessoalmente e tentei aproveitar ao máximo a oportunidade de me aproximar das pessoas de quem gosto. Eu sei que perderei contato com alguns, porque o orkut era a única coisa que nos unia. Mas, como diz o velho deitado, não é possível perder o que não temos.

Meus amigos: vocês tem meu e-mail, msn e sabem meu nome artístico (de onde é possível obter meu site e meu e-mail). Nos encontraremos em outros lugares, virtuais e não virtuais. Apenas o orkut é que acabou.

Alívio

Hoje terminou a exposição no SESC. Falando sério, cada vez que lembrava do SESC, começava a sentir um certo nervosismo. Tudo errado, do início ao fim: modificação da data de entrega, atraso na montagem, atraso no material de divulgação, material de divulgação que não constava o meu nome e mal feito… Isso sem falar nos amigos que chegaram lá e simplesmente o local de exposição estava fechado!

Como não é prudente abandonar as peças num local desses, eu ia quase semanalmente visitar minha própria exposição. E cada descoberta dessas era uma ida ao andar de cima, me queixar com os (ir)responsáveis. Cada vez que eu chegava lá em cima, todos tremiam nas bases. As circunstâncias me obrigaram a virar aquela chata, que está sempre pronta pra reclamar, pra cobrar, pra fazer escândalo. O término dessa exposição foi um alívio pra eles também, tenho certeza.

Cansaço

Tinha jurado pra um monte de gente que, nas férias, iria tirar o atraso e sair pra conversar. Eu lembro da promessa, mas quem disse que eu liguei?

Eu tô ainda me recuperando de um cansaço tão grande que passar a tarde inteira conversando ainda me parece cansativo. Sem dizer que a perspectiva do proximo semestre me cansa cada vez que eu lembro. Meu orientador não trabalhou tanto que no semestre que vem estou com tudo acumulado – ou seja, quase todo meu esforço foi em vão. Sem dizer que estou em fim de curso, o que por si só é muito cansativo.

Até este blog me cansa. Escrever pra ninguém, ler que estou cansada, não sei onde isso pode levar. Vai ver que é esse calor cansativo de Curitiba que me deixa assim.

Seriam os X-men gays?

Não, não estou duvidando da masculinidade do Wolverine (uh!) e nem contando alguma coisa pra quem não viu o filme. Vi num jornal por aí (na mão de outra pessoa, enquanto comia por aí) que essa a uma leitura possível. Não sei se fui contaminada pro filme, ou foi mesmo a intenção. De qualquer forma, é interessante. Tem uma cena, com um x-men em especial que… ah, não vou contar.

Por falar em antecipar coisas, não é pra sair no fim do filme. Depois do loooooongo trailer tem uma cena pra ver. Juro. O trailer é longo, parece que não é verdade. Só eu e meia duzia pagamos pra ver.

Amor x Casamento

Uma amiga se separou. Aí estava com outra amiga comentando das dificuldades do casamento, quando uma psicóloga intrometida achou horrível quando dissemos que casamento é uma coisa muito difícil, feito para afundar, etc. Minha amiga foi rápida e direta:
– Fulana, você é casada?
– Não.
– Já foi casada?
– Não.
– Então você não sabe do que estamos falando.

E é isso mesmo. Assim como eu não tenho nada a dizer para quem tem filhos. Certas experiências são marcantes na vida, alteram para sempre nossa maneira de encarar as coisas. O casamento é uma delas. A visão de amor, de relacionamento, de vida à dois se alteram radicalmente . O cálculo de alguém que namora é totalmente diferente do cáculo de alguém que já foi casado.

Digamos que eu apenas namoro o Luiz. Aí eu conheço um outro homem, muito mais bonito, interessante, inteligente e que faz sexo muito melhor do que ele. Fico admirada em perceber que ele, como eu, curte filmes europeus e um monte de coisinhas adoráveis. Enfim, concluo, esse outro é melhor para mim. Somos mais parecidos, combinamos mais, logo, se eu namorar com ele, serei mais feliz com ele.

Uma pessoa casada pensa diferente. Por mais mais que esse outro homem possa ser, ele virará rotina, assim como o Luiz um dia foi paixão. Mais cedo ou mais tarde, o tesão e a vontade angustiante de estar junto morrem. Quando eu encontrar esse outro homem todas as manhãs, quando conhecer seu chulé, sua barba por fazer, suas crises de mal humor… tudo ficará muito parecido. Então, a questão não é mais o quão melhor que o Luiz ele é, e sim: será que vale a pena? Será que ele é assim tão diferente assim? Meu cotidiano com ele vai ficar melhor do que com o Luiz? É tão difícil se adaptar à alguém, será que vale a pena o esforço?

Então, o tal outro homem pode ser melhor em tudo no Luiz e mesmo assim o Luiz ser o melhor para mim. Talvez, somente porque o Luiz é caseiro, como eu. Casamento é rotina. Tem amor, companheirismo e um monte de coisas lindas, mas ele se baseia em rotina. E somente quem já viveu isso sabe porque alguém pode ser muito bem casado e dizer, como eu disse hoje, que casamento foi feito pra afundar.