Arquivo mensal: dezembro 2005
Uma tarde no Estação
Sempre tenho a impressão de que sou muito mais popular fora de Curitiba. Aqui, conheço muitas pessoas e, ao mesmo tempo, é difícil encontrar com elas fora do local que freqüentamos juntos. Digo isso porque ontem desejei dividir a companhia do Walter com alguém… tal como a Flávia fez quando estive em São Paulo. Fazer com que ele tivesse mais amigos aqui, porque é muito fácil ser amiga do Walter. Sabe aquela pessoa com quem se pode conversar sobre tudo? Inteligente, sensível, divertido, modesto. Seria um programão sair com o Walter e uma turma. Tenho certeza de que todos iriam adorá-lo. Será que sou eu que sou incapaz nas minhas amizades em Curitiba, ou os nativos que são incapazes de se misturar?
Seja como for (pelo menos no caso do Walter), esse pessoal não sabe o que está perdendo.
Orkontro-Sampa
Nossa, como ela é baixinha!
Para ser bem sincera, de todos os orkontros, esse foi sem dúvida o menos orkôntrico. Me explico: todos os orkontros anteriores foram marcados pelo orkut. Falamos muito dos scraps, dos amigos, das DIs, piadas internas. Com a Flávia, o orkut apareceu uma vez ou outra. A coisa mais incrível do Orkontro-Sampa foi o quanto ele não pareceu um encontro de pessoas de net. Saímos – ora só o casal Di Nardo, ora com os amigos, ora com o Luiz – e falávamos sobre a cidade, coisas engraçadas, coisas pessoais, brincavamos. De repente eu tinha de me beliscar para acreditar que aquilo teria fim, que eu não era dali. A Flávia, o Elso, a Darlene, o Carlos e a (sou horrível para lembrar nomes) fizeram com que eu me sentisse apenas uma paulista (ops!) andando por aí com os seus amigos.
Olhando para a Flávia, com aquela voz de criança, linda, sempre sorrindo e gesticulando, me perguntei de onde veio a mágica. Não, eu não acredito que tenha havido uma afinidade tão especial e inexplicável assim entre nós duas. E nem posso achar que sou eu – afinal, eu me conheço (acho). O grande segredo do Orkontro-Sampa foi sem dúvida a própria Flávia, com sua capacidade inata de ser espontânea, alegre, e fazer com que qualquer um se sinta bem na sua companhia.
Em resumo, recomendo doses constantes e regulares de Flávia para combater o stress e o mal humor!
Aos meus leitores
Orkontros
Por isso, a escolha do local é importante. Se a coisa não rolar, tem que ter uma saída pela direita. Ou um filminho para ver. Acho que foi nisso que o Walter pensou quando marcou comigo no Shopping e já tinha até comprado o ingresso. Nem precisava- tranqüilo, tímido, o Walter e eu conversamos como velhos amigos. Pontos turísticos também são uma boa opção. O Renato abusou desse recurso – me serviu de guia turístico durante dias pela Cidade Maravilhosa. Nasceu uma afinidade tão grande que nenhum dos dois esperava – ele consegue ser tão ou mais sentimental que eu! Em grupos, parece que sempre dá mais certo – como o Grande Orkontro Rio de Janeiro, com as presenças de Bob, Renato de Boca Aberta, Otaner, Milena, Bacon, AP e eu. Rimos muito – histórias da DI que eu conhecia e que não conhecia, loucuras de orkut, fofocas. Alguns deles eu passei a ter contato ali, como o Bob. Sem dizer que eu descobri a verdade sobre a Tia Edna!
Daqui há alguns dias, embarco pra Sampa, para mais orkontros. Já conheço a cidade – o que não invalida uma visita à decoração de Natal da Av. Paulista, que já sei que está linda. Conhecerei amigos que não tem em comum nada além do fato de morarem em São Paulo e serem meus amigos de orkut: a Flávia (vugo Ninja do Photoshop), o Gegê e a Paula (ex-Anônima Verdinha). Será que reuno todos, será que não? Será que dois dias vai dar tempo, ou vai sobrar tempo? Será que vai ser legal conhecer outros famosos como o Elson (namorado da Flávia) e Darlene (amiga da Flávia, que sempre coloca *doida nos scraps)? Será que eu vou gostar deles, e eles vão gostar de mim? Decepções acontecem…
Todo orkontro é a mesma coisa, as mesmas dúvidas. E todos valem a pena ;o)
Evolução de raciocínio
No futuro, pode ser que tenha hotel de bebês.
Ele -…!?
Eu – É, você poderia viajar de deixar o bebê lá. Não tem que obrigar os outros a cuidarem do bebê pra você. E nem levar na viagem. É só pagar uma quantia e depois da viagem é só pegar o bebê de volta.
Ele – Não é bem esse o sentido da paternidade!!!!!
É. Meu instinto maternal não é lá essas coisas.
Como cães e gatos
gente, Gente, GENTE!
Tive vontade de comer pizza em rodízio ontem. Saímos daqui umas 19:30, passei no shopping só para pagar uma conta e fomos embora. Estava faminta, só tinha comido uma banana de tarde. O shopping estava lotado e detesto comer em ambientes cheios. Fomos para a pizzaria onde sempre vamos. O estacionamento estava estranhamente cheio. Chegando lá, aquelas mesas enormes, grudadas. Nenhum lugar. Como, além de detestar lugares cheios, eu detesto ficar esperando, fomos para a filial da pizzaria. Não conseguimos nem estacionar. Faminta, dor de cabeça, apertada para ir ao banheiro. Fomos para outro rodízio. Lá, aquelas malditas mesas coladas de novo, um barulho infernal. Já eram 21 h. Famintos e exaustos, decidimos ficar.
De onde surgiu tanta gente? Está todo mundo em férias coletivas? Por que as multidões enfurecidas invadem meus trajetos e meus restaurantes preferidos? Devo me trancar em casa até essa gentarada toda voltar para os buracos onde ficam escondidas o ano inteiro*? Mais importante de tudo: onde está meu sabre de luz???
* excessão para fim de ano e carnaval na Bahia
Ortodontista cruel
Quando esse dia chegou, me tornei a paciente exemplar. Mais do que exemplar, eu fiquei paranóica. Se o meu dentista tivesse dito que dormir abraçada com uma jaca ajudaria no meu tratamento, eu teria dormido. Qualquer coisa que ele pedia, eu seguia à risca. Para cumprir as 10 horas diárias usando o extrabucal, chegava a cronometrar. Nos últimos dias, o extrabucal me causava tanta dor nos ombros que eu cheguei a tomar Dorflex. Mesmo assim, só parei quando ele mandou.
Quando ele dizia para arrancar os pré-molares, ia praticamente no dia seguinte à dentista e tirava os dois de uma vez. Tudo para não atrasar o tratamento. Fui obediente no uso dos elásticos de Moon-ra. Sempre que ele me pediu para aparecer no consultório, eu largava qualquer coisa para ir. Quantas vezes minha mochila não ficou assistindo aula enquanto eu ia correndo ao dentista trocar de elástico? E quando tinha a opção de aparecer lá na sexta ou na segunda, aparecia na sexta. Tudo para não atrasar o tratamento. Já cheguei a aparecer lá 3 vezes em uma semana.
Toda essa luta fez com que eu ficasse 3 anos de aparelho. Ironicamente, meus dentes não tinham pressa. Tirei em março deste ano. Minha primeira providência foi tirar uma foto sorrindo, coisa que há anos não podia. Comecei a usar o extrabucal. Ele disse – só tire para comer e escovar os dentes. Eu só tirava para comer refeições grandes. Para os lanchinhos, continuava de aparelho mesmo. Só parei de fazer isso porque estraguei a solda do aparelho e me custou 25,00 reais consertar.
Agora, em dezembro, ele disse que provavelmente me liberaria para usar só à noite. Liguei agora para marcar a consulta e soube que ele vai tirar férias, está sem horário e só vai me atender em janeiro. E eu, como fico no natal, ano novo, fotos com os amigos em São Paulo?
Que vontade de chorar…
Presentes de natal
Aula de yoga
Durante minha adolescência, li e reli os livros mais tradicionais de yoga. Além dos clássicos indianos como Bhagavad Gita e Ramayana, Annie Besant, Ramakrishna, Ramacharaca, Vivekananda eram os meus autores preferidos. Gosto de cantar mantras. Fiz muitas ásanas (posturas) em casa, decorei os nomes (em português, todas as em sanscrito para mim se chamam shuxechsixhsxasana), as pranayamas (técnicas de respiração). Sei tudo sobre os caminhos da yoga – hatha, karma, gnani e bakthi yoga. Na minha cabeceira, neste momento, está o livro do professor Hermógenes. Parei de comer carne vermelha e de frango aos 15 anos, por causa da yoga. Mas nunca, nesses anos todos, tinha colocado os pés numa aula de yoga.
Já havia tentado. Minha mãe, também fã de yoga, me dizia que o grande problema é que não basta que alguém aplique as posturas como quem passa um exercício. O instrutor de yoga deve ser yogui – com todas as implicações existenciais do termo. Em resumo: fazer a aula com uma adolescente, que acha muito massa os encontros com a galera do Brasil inteiro que a Uniyoga proporciona, que fala o tempo inteiro durante a aula e ainda por cima é gordinha, foi demais para mim.
Meus sonhos se partiram em mil pedaços hoje. Mestres como Pai Mei e Miyagui não existem mais.
Encontrando Nemo
Homens e cachorros
Ela só não ri da nossa cara porque cachorros não riem.
Churrascos e eu
Eu não como carne há 13 anos. Nesses anos, fiz concessões. E sempre é a mesma história – a salada é horrível, sou obrigada a comer uma quantidade absurda de pão e a carne me enoja. Mas tudo isso é a parte suportável. A parte insuportável é a maneira como as pessoas ficam horrorizadas e eu viro o assunto da mesa. Apelam para a minha saúde, dizem que é por isso que sou tão branca (somado ao fato de há anos eu não tomar sol, quem sabe). Os ânimos se alteram. Insistem, querem que eu prove. Fazem uma campanha pior do que se eu fosse fumante. Tudo para mostrar que adoram comer carne, que não conseguiriam imaginar suas vidas sem carne, que eu não comer carne é uma afronta. Paciência.
A bobona aqui já estava há anos sem ir a churrascos, churrascarias e afins quando resolveu abrir uma honrosa excessão à família do maridinho. Meu sogro fazia o churrasco em casa e eu era vítima de todas as coisas acima descritas. As horas passavam longas e torturantes, como sempre o é quando estou junto da família dele. A gota d’água foi quando me levaram para uma churrascaria onde o chão era tão engordurado que parecia uma pista de patinação. Idem para a mesa. Quando estava pela 3º vez me servindo do nhoque com gosto de cabelo, a tia do Luiz se aproximou de mim e me soltou uma indireta – de que sou uma anoréxica e por isso nunca como nada.
Quantas vezes temos que passar pelas mesmas merdas até aprender a não abrir excessões?
Compras
Tudo bem. Vou me lembrar disso.
Cordeiro?
Mas tudo isso não quer dizer que eu seja idiota. Que não saiba colocar limites e que não seja confiante o suficiente para saber até onde posso ir. Essa minha atitude tem aquelas vantagens e desvantagens daquilo que achamos que não nos oferece perigo: as pessoas se abrem, mostram o que são. As resistentes se sentem seguras. As solícitas, estimuladas. As dominadoras acham ganharam uma empregada.
Isso está acontecendo com o meu informante na pesquisa. De tão entusiasmado com o tema, acha que vou escrever a dissertação dos sonhos dele. Arranja entrevistados mas nunca me dá os telefones – tudo tem de ser feito por intermédio dele. Ele acha que vai dar pitaco em todas as etapas, em tudo o que eu escrever ou fizer . Minha sogra também pensou assim um dia. Nunca brigamos, é verdade. Agora me pergunte quantas vezes ela colocou os pés na minha casa nesses últimos 3 anos. Duas vezes. E numa delas eu ainda não estava casada.
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