Para ser bem precisa, eu não sou vegetariana. Eu como carne de peixe, derivados de leite e não consumo muito ovos, mas mais por um problema em preparar ovos do que realmente ter cortado da minha dieta. Quando eu parei de comer carne, há 27 anos (!!!), o gesto não fazia o menor sentido para quase todas as pessoas. Elas me olhavam com uma expressão de “pra quê?”. Então, vocês podem imaginar que os produtos com o objetivo de substituir carne praticamente não existiam, eu tive que largar na marra mesmo. Agora, quando eu digo que não como carne, as pessoas dizem que me invejam e me admiram. Eu parei de comer carne porque lia livros de yoga; hoje o não comer carne está muito mais ligado a um amor aos animais, a não querer que alguém morra para se alimentar.
Hoje é mais fácil do que era antes, há apoio e há comidas para substituir. Mas, mesmo assim, é difícil. Lembro que levei ainda alguns anos salivando com o cheiro de carne. E comida não é apenas uma relação com o próprio alimento, ela é interação social. Parar de comer carne afeta a ida ao churras, o almoço de família, aquela vez que você está na rua resolvendo problemas e precisa comer alguma coisa. Implica em ter apenas uma opção no cardápio, a pagar mais caro que os amigos e ainda sentir fome, porque a carne sacia mais. Parar de comer carne nos torna os “chatos” que precisam de um prato separado. Não quero dizer o que as pessoas devem ou não fazer, eu mesma nunca levantei a bandeira de parar de comer carne. Se mudou a minha vida? Olha, quando a gente faz algo há tanto tempo, nem consegue medir, não comer carne se mistura com a minha vida. O que eu quero fazer aqui é dar um conselho sensato, baseado na quantidade de histórias de pessoas que vem me falar que tentam parar de comer carne e não conseguem. Minha sugestão:
Se você tenta parar de comer carne e não consegue, que tal criar o dia da carne? Uma vez por mês, que seja, você se permite, vai no costelão, come o teu bife preferido. Assim, quando bater a ansiedade, vai conseguir se segurar porque não é pra sempre. E nem vai achar que colocou tudo a perder – e, por consequência, abandonar o projeto – porque comeu um bifinho.
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