A mão invisível dos talentos

Do mesmo modo que há a mão invisível de Adam Smith, eu tenho minha própria teoria de mão invisível. Ela diz respeito ao mercado de talentos. Eu acredito que para todas as profissões há pessoas aptas e que sentem prazer com elas – coisas que para outras pessoas são insuportáveis. Sempre que alguém me diz que ama física ou medicina, penso nisso. Eu não faria esse tipo de coisa nem se me dessem o diploma de presente. Outra vantagem de acreditar nessa teoria é achar que eu não preciso me matar pra fazer algo que eu não gosto só porque é importante. Tem gente aí no mundo disposta a ver sangue, agüentar maluco e cantar em casas noturnas. O meu negócio é outro.

Sim, eu sei, assim como a mão invisível de Adam Smith, estou sendo otimista.

O meu problema é o meu cabelo!

Os leitores podem parar por aqui. Eu sei que apenas as leitoras vão compreender as ladainhas capilares que vou escrever agora.

Eu estou deixando o meu cabelo crescer. Ele estava todo repicado atrás e minha cabelereira disse que até março eu não devo cortar. Está difícil. Atingi o estado de fazer rabinho de cavalo – o que pra quem tem cabelo curto é cabelo demais. Meu cabelo me irrita. Solto ele me irrita. Preso me irrita quando me olho no espelho e me sinto uma velha. Aí eu solto e ele está todo amassado e tenho que prender de novo.

Meu cabelo é liso lambido e eu gosto de cabelos cacheados. Eu passei 2 anos inteiros fazendo permanente. Quando o Luiz me conheceu, eu dizia pra ele que meu cabelo era lisinho e ele não acreditava. Eu queria ter o cabelo assim. Meu cabelo é tão lisinho e sem volume que quando ele cresce eu fico igual à Morticia Adams. Quando ele está navalhado, eu seco ele pra cima com gel pra conseguir umas voltinhas.

Na verdade, estou deixando crescer mas nem sei direito o que vou fazer dele. Começo esse ano nova vida, novos projetos e queria mudar. Ser uma pessoa nova e de cabelo novo. Queria um Wanderlei Nunes pra me dizer o que fazer. Mas minhas mudanças radicais tem alguns obstáculos: eu quero ter o cabelo curto mas não batido; eu odeio ir pra salão; não tenho paciência pra fazer escovas e afins todo dia. Quero ter algo bonito, curto, hiper fashion, que não dê muito trabalho e que combine com meu rosto. Será que isso existe?

Cantilena

Boa tarde a todos, desculpe interromper o sossego da viagem de vocês. Meu nome é Roberto. Sou deficiente visual e auditivo; por isso, não me oferecem oportunidades no mercado de trabalho. Venho oferecer até vocês este lindo marca páginas com mensagens bíblicas. Qualquer valor, qualquer moedinha que não estiver lhe fazendo falta vai ser de muita utilidade para mim. Muito obrigado.

Bem que esse pessoal que pede dinheiro em ônibus podia mudar pelo menos de horário de vez em quando. Pego ônibus com o Roberto quase todo dia. Ele só não me conhece de vista porque é cego…

Não entendeu? Problema seu!

Uma das grandes, maravilhosas e refrescantes coisas da maturidade é a descoberta de que não preciso do aval dos outros pra fazer as coisas. Não preciso ser coerente, nem na coragem e nem na covardia, nem no perdão e nem na persistência. Não preciso que as pessoas entendam o por quê agi em uns momentos e me abstive em outros. Não preciso que considerem justos os motivos pela qual eu falo ou deixo de falar com alguém. Existe uma verdade nas minhas atitudes que não precisa ser explicitada. A única pessoa a quem devo explicações sou eu. Os outros podem falar, não entender, formular as hipóteses mais malucas. Se eu estou feliz, o motivo está correto e ponto final.

Tem gente que também chama isso de “Ligue o foda-se e seja feliz”.

Eu mudo de idéia. Ou não

Hoje estavamos em três ex-profissionais de várias áreas. Falavamos sobre o quanto é mal recebida a idéia de você mudar, de ter alguma formação e abandonar ou ter anos de experiência em alguma coisa e começar do zero numa área diferente. O que é muito chato, porque a pessoa que mais sofre com essa história é a que muda. Passar um período no vazio e depois ser o aprendiz mais velho da turma já é um exercício de humildade imenso; com as pessoas buzinando, achando que você não tem direito de fazer isso é ainda pior.

Um cara já se tornou ex-amigo meu por causa disso. Quando eu disse que larguei uma formação – que provavelmente ele queria fazer – eu tive de ouvir: “Você não tem o direito de estudar isso e largar. No futuro isso será cobrado de você” (como ele era espírita, o futuro da qual ele falou era uma ameaça além túmulo). Não adiantou argumentar que eu passei no vestibular com 16 anos e que pra ajudar as pessoas não é necessário usar guarda pó. Além de não gostar de mudanças, as pessoas tem uma visão muito restrita do que é fazer bem a alguém.

Eu não acho que tenho o direito de mudar de área apenas porque era muito nova. Eu acho que tenho o direito de mudar porque o desejo existe. Porque a vida é longa e a variada. As experiências nos levam a caminhos que nunca tinhamos pensado. A cada dia descobrimos novas facetas, novas aptidões, novas necessidades. Porque a cada fase da vida você quer uma coisa diferente. Se existe um preço, e há possibilidade e desejo de pagá-lo, por que não?

Artista usa Cow Parade como crítica a situação das artes no Paraná

Quando ninguém mais comenta a passagem da Cow Parade por Curitiba, evento que parece não ter tido a repercussão esperada, um artista plástico local resolve criticar a situação da cultura no Estado através da produção de uma obra semelhante. Juliano Grus, de 29 anos, que também é produtor, construiu uma vaca, magra, denominada “Vacuritiba das Artes”. A idéia era fazer uma vaca muito magra, expressando a falta de patrocínios, o descaso e a fome do artista curitibano de mostrar o seu trabalho. No corpo da vaca, Grus escreveu o poema abaixo, inspirado no poeta Batista de Pilar.

“Acabou o leite quente.

Tão rica em costumes
Que tem um rei
Morando na barriga

Tão crítica e exigente
Mas com a mão fechada
Como a pata bovina

Tão cheia de cultura
Mas antes de ser social
O leite da vaca secou.”

O lançamento

O lançamento da “Vacuritiba das Artes” está previsto para 10 horas de domingo, dia 14 de janeiro, nas ruínas de São Francisco. O evento contará com a presença de músicos e artistas da cena local. Até as 16 horas, se apresentarão as bandas curitibanas Javalis do Pântano, Pelebrói Não Sei e Zigurate. Após os shows, a vaca será transferida para a praça do Gaúcho, onde ficará exposta por 10 dias.

A inspiração

A idéia da vaca magra surgiu através de conversa entre Juliano Grus e o designer gráfico Juliano Domingues. Domingues foi mais um dos artistas selecionados para pintar uma das vacas da Cow Parade de Curitiba. Mas sua obra, assim como a de outros trinta artistas locais, não teria conseguido o patrocínio. “E as obras que foram às ruas não expressavam grandes destaques, algumas até foram feitas com certo grau de desleixo, outras pior, mais parecendo um outdoor que expõem os produtos do patrocinador em frente a próprio estabelecimento comercial”, observa Grus.

O fato não passou despercebido pela imprensa nacional, que propagou a idéia de que os artistas daqui são ruins e que a cidade não se importa em arte e cultura. Determinado a construir uma obra crítica, Juliano Grus saiu à procura de um patrocinador. Conseguiu o apoio de uma fábrica de caiaques e barcos localizada em Borda do Campo. O proprietário, José Maria, comprou a idéia e forneceu o material necessário para sua produção. “Eu não poderia lhe dar dinheiro, porém cedi a matéria-prima”, afirma o empresário.

Cerca de uma semana depois, após processo de escultura em bloco de poliuretano, laminação em fibra de vidro e pintura, a vaca tomou formas. Para Grus não seria possível fazê-la tão rápido sem uma estrutura de grande porte como a da fábrica.

Histórico

Juliano Grus começou sua carreira nas artes com a música, onde, ao lado do produtor Manoel Neto, realizou vários eventos. Alguns anos nesta função e decidiu trabalhar como produtor de vídeo, conseguindo um emprego na empresa Soft Cine Vídeo, ampliando seus conhecimentos no cinema. Passou a atuar então em várias produções independentes, como as de JM e de alguns outros amigos estudantes de cinema. Devido à falta de trabalhos bem remunerados e a dificuldade em fazer cinema, que além de tudo é uma arte cara, aceitou uma proposta do Estúdio Portfólio de Fotografia para ser produtor de fotos. Ganhou reconhecimento e passou a atuar amplamente na área ao lado de vários fotógrafos, trabalhando no ultimo ano integralmente com o renomado fotógrafo de natureza Zig Koch.

Relato de Juliano Grus

A idéia da “vacuritiba das artes” surgiu ao acaso. Inicialmente, não houve qualquer interesse da minha parte em participar da Cow Parade, porém alguns amigos se candidataram. Um deles foi selecionado, no entanto não teve sua vaca nas ruas por não ter conseguido o patrocínio necessário. Este amigo, indignado, apontou algumas coisas ambíguas nos critérios de seleção do evento. Logo fui descobrindo diversas coisas que denotam um descaso absoluto e falta de comprometimento com a causa artística. Foram 700 inscritos, porém em Curitiba onde pretendiam dar espaço para 60 artistas temos pela rua apenas 25 obras, sendo que existem artistas com mais de uma obra, de alguns que nem são artistas e até uma vaca que deveria ser chamada de outdoor e não de arte, pois está instalada em um shopping center em frente ao estabelecimento comercial que deu o patrocínio, sendo feita pelos funcionários da empresa e apresenta em seu dorso os produtos de seu comércio, um verdadeiro absurdo e falta de respeito com o artista local. Incrivelmente, esta foi amplamente citada pela mídia demonstrando que aqui em nossa cidade o poderio econômico e apadrinhamentos comandam a situação enquanto o artista sofre muito para mostrar seu trabalho, resultando para nossa imagem um triste episódio na imprensa nacional, provavelmente até fora do país, de que nossa arte é fraca e o cidadão daqui tem pouca cultura.

Culpa de quem? Não posso dizer com clareza. O fato é que não pretendo apontar pessoas e sim sensibilizar as pessoas comuns e reunir os artistas em protesto ao que chamo imoralidade cultural.

Posts

Já escrevi uns 2 posts e deletei. Sabe quando tudo que você escreve parece ruim? Isso aqui não é nenhum Cracatoa, mas eu tento manter um padrão de qualidade! Procuro manter a variedade. Acho que o segredo de um blog interessante é saber dosar as coisas. Nunca ficar só no: como fazer, olha como minha vida é interessante, olha como minha vida é uma merda, piadinhas, polêmicas, filial do youtube. Já eliminei muita gente da blogosfera, né?

Quando achar que reencontrei o rumo eu posto.

Você é bonito?

Do número absurdo de cirurgias plásticas no Brasil, à campanhas da Dove e o que nossos próprias espelhos nos dizem – não existe um que diga em altos brados que se acha lindo, que é totalmente atraente e seguro de si. Quando alguém fala isso, em geral está sendo irônico. As pessoas freqüentam academias, emagrecem, fazem plásticas, vestem roupas legais e a tal da beleza parece estar sempre mais pra lá, como um arco-íris.

Às vezes eu tenho a impressão de que vemos novelas da Globo demais, revistas Corpo demais, olhamos para o espelho demais. Quando vejo essas fotos cheias de PhotoShop penso que estamos no mesmo processo que os egípcios, que tinham padrões tão rígidos que seus belos desenhos são todos iguais; eles não retratam ninguém em especial. Uma mulher é convidada pra posar pra Playboy e contrata personal, faz lipo, coloca silicone e quando você abre a revista ela é igual à pelada da edição anterior.

Aí nós esquecemos que as pessoas são mais do que traços físicos. Que quando nos apaixonamos por alguém, quanto mais idiossincrático o detalhe, melhor. Que cada pessoa vem acompanhada de tons de voz, de expressões, de maneirismos, de estilos, de maneira de andar, de risadas, de cheiros… de tantas coisas, tão únicas e misturadas que passamos a gostar de tudo o que faz parte desse conjunto.

Como escultora, eu detesto essa beleza padrão. Vejo pessoas gordinhas, enrugadas, diferentes e morro de vontade de pedir pra elas posarem pra mim. Porque são expressivas, são únicas, são elas. Pra que tanto esforço pra ser igual se o lindo é ser único? Eu não consigo imaginar que alguém que destrói o seu corpo com dietas que contrariam seu tipo físico; que arranca costelas ou que usa espartilhos; que corta pedaços ou coloca plásticos na procura do volume ideal; que luta uma luta cada vez mais ingrata contra o tempo – eu realmente não consigo acreditar que alguém seja capaz dessas coisas e, ao mesmo tempo, esteja conectado com a sua própria essência.

Sofrimento filho da puta

Estou sofrendo e não é pouco. Nem tem muito o que dizer sobre isso, vai ser banal. Esse intervalo – que parece eterno – entre a minha segunda faculdade e um futuro emprego está me matando. Na última vez que passei por isso eu fiquei deprimida durante mais de 6 meses, engordei muito (deve ter sido uns 10 kg, eu me recusava a me pesar) e comecei outra ocupação… que até hoje não me remunera. Tendo dizer pra mim mesma que agora a situação é totalmente nova, mas vai convencer o inconsciente disso…
Acho que só estou escrevendo isso porque preciso explicar pra algumas pessoas que quando eu fico mal eu me fecho. Normalmente meus amigos enlouquecem, acham que é algo pessoal, pedem explicações que eu não sou capaz de dar. Aí uma crise pessoal se transforma em uma crise de amizade e eu perco o amigo. As pessoas pedem uma palavra, um gesto, e sou incapaz de qualquer coisa agora que não seja ficar trancada.

É, eu sei que amigos são pra essas coisas, mas eu sou do tipo que não consegue pedir ajuda. Não consigo chorar por aí, não consigo deixar de tratar bem as pessoas, não consigo, não consigo. Eu achei que conseguiria voltar pro orkut e falar com meus amigos e voltar a me sentir a Fernanda de sempre, mas eu não consigo e não consigo. Até rolar alguma coisa, não tem muito o que fazer a não ser tomar Rescue e suportar esses médios e baixos.

5 objetivos para 2007

Ai, ai…

Pra falar a verdade, desenvolvi um certo medo de fazer planos e uma supertição de que falar deles por aí faz com que as coisas não aconteçam. Fruto de fases da vida em que uma limitação intransponível – dinheiro – fazia com que fosse inutil desejar demais. Por isso, o convite do Alessandro me fez pensar agora no que eu pretendo pra 2007. Vamos lá:

1- Começar a dar aulas:
Esse é o grande momento, pra qual estou me preparando há 4 anos. As pessoas saem da faculdade de sociologia e vão dar aulas por falta de opção. No meu caso, é paixão mesmo. Sempre quis dar aula e sou tão apaixonada por sociologia que chego a ser chata. Apesar do mestrado, estou morreeeeeendo de medo de não conseguir. Eu entraria na Federal, mas no ano passado entraram 2 substitutos. Vamos ver se alguma faculdade de direito ou coisa assim me aceita.

2- Desencalhar minhas peças:
Olha, esse negócio das minhas peças é um transtorno tão grande na minha vida que as pessoas não fazem idéia. Quando eu digo que se pudesse largava esse troço de ser escultora as pessoas acham um sacrilégio. É muito lindo pra quem está de fora, mas passar quase 7 anos trabalhando em algo sem ter reconhecimento é de acabar com qualquer um. Eu meio que desisti de Curitiba, dessa panela, dessa vida cultural parada. Vamos ver se outros lugares me acolhem melhor.

3- Receber os amigos em casa:
Eu não sei como ainda tenho amigos, depois desses últimos 2 anos sem tempo pra nada. Eu até tentei receber uns amigos aqui, mas sem sofá é foda. Agora, eu tenho um sofá e uma bola verde \o/- já posso receber sem apelar pro banquinho (único) da cozinha. Eu estava planejando promover grandes partidas de War aqui, mas o Walter não comprou o War e o projeto foi abandonado. Bem, de qualquer modo, eu quero trazer uns amigos pra cá, incrementar minha vida social.

4- Transformar minha dissertação em livro:
É grana pra fazer as cópias e deixar nas editoras. Essa coisa chata de mandar pra um lugar, mandar pra outro e esperar. Acho que na da UFPR eu tenho mais chance. Eu escrevi a dissertação no estilo mais leve possível, pra ficar gostoso de ler. Desde o início fiz pensando num público maior. Não nego que tem a vaidade de publicar um livro, e eu já desisti da ficção há muito tempo. Além disso, minha banca de mestrado falou pra eu publicar e é realmente um trabalho que merece ser divulgado.

5 – Engatilhar um doutorado em Sampa:
Essa parte é um nó. Por mim, eu levaria mais uns anos pra pensar em doutorado. O problema é que meu orientador já queria que eu entrasse no ano passado. Ele está me pressionando muito e como eu continuo fazendo parte do grupo de estudos e quero dar aulas, não tem motivo pra eu me negar a fazer. O problema é que eu não quero continuar estudando a mesma coisa, na mesma área de sociologia e com os mesmos professores… Vamos ver se eu engatilho alguma coisa na USP ou na UNICAMP e mato dois coelhos com uma caixa d’água só.

Como faz parte do jogo passar o meme pra outros 5, os indicados deste ano são:
Pessoinha em Fuga
Perhaps
Pseudoblog
Liberland
Eu nua