Recauchutagem

Agora que estou de férias, vou aproveitar pra colocar a lataria em ordem. Preciso passar no dentista, dermatologista, ortodontista e no cabelereiro. Isso sem falar em faxineira, marceneiro, e lojas de decoração para o meu eu que se manifesta na minha casa.

Meu único receio é a falta de paciên$$ia.

Frio sujo

Ontem levei duas horas arrumando a casa. Ou melhor, apenas colocando as coisas nos lugares. A louça estava suja há 1 semana, porque estava muito frio e ninguém tinha coragem de colocar a mão na água gelada. Nem vou falar sobre a parte da limpeza pesada porque dá vergonha.

Tem mineiros por aí, que acham que o frio é ótimo. Pra quem mora nas regiões mais quentes, é muito bonita a idéia de pessoas dormindo quentinhas e andando chiquérrimas pela rua. Mas pense no cotidiano com casacos pesados, que deixam os ombros doloridos no fim do dia. Pense que a gente fica apertado, porque pensa mil vezes antes de fazer xixi. Que é difícil fazer as tarefas mais simples da casa, não apenas pelo contato com a água fria, mas também porque nada seca. E, para as mulheres, ainda tem o problema da depilação.

No frio, a tendência natural é ficarmos sujos e peludos.

Minha primeira vez num palco

O que eu, uma mestre, socióloga, casada, 31 anos recém feitos, estou fazendo aqui no meio dessa gente?

No caso, o aqui era a coxia da Ópera de Arame, e o gente, eram os dançarinos do Dança Curitiba 2008. Quando saí de casa, minha preocupação era uns detalhes, como um pézinho torto e uma cabeça mais enfática. Prestes a subir no palco, eu só queria saber de sair dali viva. E se, ao pisar no palco, eu ainda soubesse o meu nome, já estava bom.

Foram duas horas de espera. Quando eu cheguei, a torcida do hip hop fazia tanto barulho que tive medo de ser vaiada por aqueles bárbaros – sim, o medo nos torna politicamente incorretos. Já como Grupo Tanz, eu e as meninas nos degladiamos por um pedaço de espelho pra fazer maquiagem (“Nossa, Fer, como seu olho é pequeno!”), subimos e descemos os dois andares daquelas escadas vazadas que normalmente me deixam fóbica (lembrei da Flávia!), falamos com um monte de gente pra saber nosso horário, nosso lugar, nossa entrada. Eu achei tudo meio desorganizado, mas a Mônica me disse que é normal (!). Encharquei a minha sapatilha (ai minha sapatilha de couro da Capezio!) e fiquei com os pés doendo de andar naquele chão vazado.

O que dizer da hora H? Eu tremia. Pra relaxar eu quis olhar pra Larissa, que sempre caía na risada quando a gente se olhava no ensaio, mas ela ficou séria. Na hora da fatídica piruetta, descobri que não tem onde fazer foco no palco. Quando caí (intencionalmente) no chão, achei que estava de costas pro público. Percebi cada milímetro de erro, cada acelerada, e o pensamento de que a Mônica vai me matar não me abandonou ainda – espere só até ela descobrir as coisas que eu fiz quando nos assistir pelo DVD ou quando eu contar que perdi a minha faixa de cabelo!

De acordo com a avaliação tendenciosa, amorosa e tudo-mais-o-que-interessa do Luiz, da Janine, da Teca e da minha mãe, eu fui bem. Não parecia nervosa, não parecia que tinha errado um monte de coisas, e tudo foi lindo. Quando eu me apresentar no fim do ano com o grupo da Federal, cheio de gente pra colar e me esconder, vou achar bolinho! Ah, e preciso gastar o vale-massagem que a Teca me deu de presente de aniversário…

Dias intensos

Eu sei, este blog está abandonado. É que mal tenho tido tempo pra pensar, quanto mais pensar e escrever. Só pra adiantar um pouco as coisas, ontem foi meu aniversário e hoje à noite vou pisar num palco pela primeira vez, e justo na Ópera de Arame! Os últimos dias foram tomados por ensaios, figurino, marcação de palco, amigdalite brava e muita ansiedade.

Hoje é a grande noite! Será que vou tomar gosto pela coisa?

Correspondência amorosa

Eu sei que o que eu vou contar é patético, mas por favor não riam. Muito.

Assim que eu casei, esse negócio de receber cartas e encomendas sempre foi um problema. O Luiz fica fora o dia inteiro, eu sempre tive horários muito irregulares e nós não temos contato com os nossos vizinhos. Por causa da Dúnia, tive que parar de receber assinatura de revistas. Sempre que a gente precisava receber alguma coisa, tinhamos que marcar pro sábado. Ou quando era alguma coisa que precisava de assinatura, a gente esperava mais de um mês, pra daí receber uma cartinha avisando que o carteiro tinha feito 3 tentativas (às 12:00, às 11:45 e às 12:05. Se viu que ninguém almoça em casa, por que não tenta outro horário, pô?) e ter que passar no correio (que fica longe) e pegar.

No ano passado, desempregada, esse problema ficou resolvido. À tarde eu estava sempre aqui. Só tinha que ficar atenta à Dúnia, porque a gente desinstalou a campainha e eu só sei que tem alguém lá na frente quando ela começa a latir. Aí eu acordava descabelada, colocava alguma roupa e ia receber o carteiro.

Foi aí que começou. Não sei se a culpa foi a falta da aliança, mas o fato é que o sujeitinho começou a querer puxar papo comigo. A falar da campainha, do tempo, a ser simpático. O que eu poderia fazer? Não podia mandar tomar naquele lugar porque fiquei com medo de nunca mais receber cartas! Fiquei atenta ao horário (16h), coloquei a aliança, rosnava e colocava toda a minha frieza mal aprendida com esses anos de Curitiba. Não adiantou muito. Meu carteiro me chama pelo nome. Um dia estava passeando com a Dúnia no campinho de futebol e ele foi lá me entregar as cartas.

Esse ano eu comecei a dança e agora volto pra casa no fim da tarde. E não é que um dia ele me viu chegando às 16:30 (“você sumiu…”) e desconfiou do meu novo horário? Hoje estava entrando em casa pra lá das 17 e recebi minha carta registrada. =/