Moda outono-inverno

Cada vez que vejo os lançamentos da moda outono-inverno não sei se é pra rir ou pra ficar com raiva. Quem inventa essas coisas sem dúvida passa o inverno no Rio de Janeiro – onde a temperatura quando despenca vai à 15º. Agora as vitrines tem pérolas como: casacos e babados por cima de blusa de seda de alcinha; bermuda com meia-calça, num revival anos 80, saia com bota e casaquinho de fio.

Além do frio curitibano ter a capacidade de colocar todas as nossas dores crônicas para fora (descobri isso em ampla pesquisa, após explicar o por quê de eu estar meio mancando desde ontem), ele é de verdade. No fim do dia os ombros estão doendo, porque é quase impossível não se encolher todo. Nos países lá de cima, todos os lugares fechados tem aquecimento central; aqui não, o frio é um sofrimento só e até lavar a mão requer alguma força de vontade.

Quer saber o que nunca sai de moda no inverno curitibano? Luvas, botas, calça jeans com uma calça/meia calça por baixo, blusas de lã e casacão/ japona bem fofinha.

Veieira

Há 1 ano atrás estava eu correndo pra não perder o horário entre uma aula e outra e PIMBA! dei uma bicuda fabulosa no meio fio. Na hora doeu, no dia seguinte também estava doendo e como passou um mês inteiro doendo, fui no acupunturista. Eu fiz uma lesãozinha num ponto da parte da frente do pé e o ideal seria que eu passasse um mês inteiro sem colocar o pé no chão. Como isso não era possível, que eu evitasse sapatos de salto ou movimentos que forcem aquela região.

Ontem, a pequena combinação de movimentos de Balance + 30 min de esteira + 1 hora de bota com salto, e hoje estou com meu pé direito inchado. Assim, sem mais nem menos. Ontem ele estava normal e hoje não consigo colocar o pé no chão. Sabe como é, depois de certa idade, o corpo não se restabelece como antes.

Estou velha.

Rotina

Há um ano e meio transformei minha rotina num inferno – há um ano e meio havia decidido que cursaria o mestrado e a graduação juntos. As várias pessoas que me diziam que a carga de leitura do mestrado eram muito pesada nunca me impressionaram – sempre achei que falavam isso só pra se valorizar. Aulas da graduação de manhã, mestrado à tarde, 4 anos em 2, beleza. Beleza nada, meu chapa!

Há um ano e meio eu me transformei em uma máquina de estudar. Nunca acontecia de chegar em casa e eu perguntar o que eu faria aquele dia, porque minha agenda sempre esteve cheia. Pra não virar um alien completo, eu fazia algumas concessões, como jantar fora e receber um amigo do Rio… e para isso eu me matava um pouco mais de estudar antes e depois. Os feriados (Deus abençoe os feriados!) me ajudaram a manter as tarefas em dia.

Depois de um ano e meio de escravidão, finalmente estou realmente com tempo livre. Eu ando pela casa e reparo em sujeiras que há tempos não reparava. Sinto fomes e sonos inexplicáveis. Fico meio tristonha sozinha. Meu organismo desacostumou a esse luxo que é fazer as coisas com calma. Quem sabe agora eu possa encontrar os amigos, que inexplicavelmente fiz e que sentem a minha falta. Quem sabe consiga voltar a esculpir, porque não há como tentar esculpir correndo pra depois deixar tudo parado durante dias. Quem sabe eu consiga ir ao dentista, lixar meu pé, parar pra ouvir música e escolher as roupas com calma antes de vestir. Quem sabe.

Teorias conspiratórias futebolísticas

1º teoria: Não adianta reclamar- o Ronaldo não deixa de ser titular nem se ficar perneta. E não é porque o Parreira é burro e teimoso, e sim por causa do patrocínio da Nike. Isso sem falar nos outros jogadores, com outros patrocínios – não dá pra chamar um cara ótimo de um clube qualquer enquanto tem os famosos jogadores dos times europeus… Assim como não adianta falar que ele como técnico tem sua autonomia – se tiver autonomia demais, eles mandam o cara pra fora e colocam outro. Por esse motivo o Zico se recusa a voltar para a seleção brasileira ou fazer qualquer declaração sobre a CBF.

2º teoria: Outro que de burro não tem nada é o Galvão Bueno. Não é por gosto que ele faz o possível pra esconder os erros do Ronaldo e tem aquela coisa ufanista. Novamente os famosos patrocínios. Alguém com o cacife dele pode colocar um jogador qualquer no estrelato se começar a chamar atenção pro cara ou derrubar outro, ressaltando os erros. Ele deve ganhar rios de dinheiro por fora pra fazer isso. O cara deve estar louco com o Ronaldo, como qualquer brasileiro, só que ganha pra fingir que não.

Argentina, Argentina, Argentina!

Argentina 6 x 0 Sérvia!

Sim, eu sei que eles são arrogantes e detestados por toda América Latina; que são turistas péssimos e porcos, detestados nas praias de Santa Catarina e em qualquer outro lugar que pisem. Que destratam brasileiros. E, o pior, o maior adversário do Brasil no futebol.

Mas não adianta, eu simpatizo e torço para a Argentina. Gente, eles tem livrarias 24 horas! Eles tem tango, são bem vestidos, lêem muito, são existencialistas e dramáticos… Sim, são arrogantes – mas que tem motivos para isso, ah, eles tem sim…

Para matar a curiosidade

Eu havia pensado em colocar as fotos das casas vizinhas, mas achei que ninguém se interessaria. Como eu vi que as pessoas se compadeceram do meu sofrimento (SNIF!), resolvi mostrar do que falei no post anterior:

Essa é a visão da casa da vizinha da esquerda, a Favela. Observe que eu tinha visão de árvores ao fundo – é para esse lado que minha rede fica virada. Tem a parabólica desproporcional e as cortinas de boxe rasgadas tremulando ao vento.

Este é o muro, visto de baixo. O sol que está batendo nele é o de final da tarde, ele fica à leste.

O muro visto da janela do escritório. Desproporcional e feio pra caramba. Aquela mancha preta e branca é o Bingo, o cocker dos vizinhos. Nessa casa e na minha tem alarme monitorado – ladrão nenhum entraria por aqui. Mas a vizinha ameçou construir o muro dentro do terreno dela caso eu não permitisse. 😥

Entre a favela e o presídio.

Curitiba é uma cidade mofada. Grande parte dela foi construída sobre um pântano. O clima é úmido ao extremo. Os banheiros não secam, as toalhas de rosto fedem. 100% da população sofre de rinite alérgica. O sol, quando aparece, pouco resolve. Daqui, vejo a Dúnia dormir na fresta de sol que faz no portão. À medida em que o tempo passa, ela fica cada vez mais à esquerda – ela se move em busca dos últimos raios.

Assim sendo, o mais lógico seria buscar e valorizar o sol ao extremo não é? Seria, mas os curitibanos parecem ter mofo na cabeça. As pessoas compram apartamentos com sacadas para fechá-las. Colocam porcelana em todos os lugares que deveriam ter grama, porque consideram mais limpinho. Com paredes e com cortinas, fecham toda abertura para o exterior. Metáfora das suas personalidades, quem sabe.

Somos aqui em 4 sobrados identicos, com um que fica na esquina e no fundo de todos eles a mesma casa de terreno enorme. Quando vim pra cá, somente o da esquina estava ocupado e escolhi aquele que dá para a maior parte dos fundos do vizinho, ou seja, o mais ensolarado. Sem dizer que tirei uma porta da frente da cozinha e transformei numa janela, porque a cozinha era muito escura. Não coloquei cortinas no fundo, e sempre que posso deixo tudo aberto. Tenho horror à úmidade e mofo.

Qual não foi meu desgosto quando a vizinha que mudou para a esquerda colocou um horrível toldo nos fundos. E arrematou o seu péssimo gosto colocando cortinas de boxe para cobrir as laterais do toldo. Minha visão ficou obstruída pela coisa mais favela que minha imaginação alcança. Para não deixar dúvidas: não foi falta de dinheiro, foi puro mau gosto mesmo. Os pais dela tem muito mais dinheiro do que eu, juro. Eles eram donos da casa enorme que fica nos fundos e compraram o sobrado apenas para a filhota estudar na capital.

Agora a vizinha do sobrado da direita resolveu fechar o próprio sol, colocando 1,20 de muro por toda a extensão. Justifica isso com o fato de que pela esquina roubaram as bicicletas dos filhos. Das mil e uma alternativas possíveis, que passam por alarme, cachorro que ela já tem e espetos no muro, resolveu a mais idiota e mofante de todas. Hoje cheguei em casa cansada e surpreendi os pedreiros jogando cimento nas minhas pedrinhas. Ela disse que avisaria o dia desse crime. Fiquei puta, impedi que continuassem, queria ir pros tribunais se fosse preciso. No fim, tenho que me conformar. Ela viverá numa casa sem fundos, escura e com tudo mofado. E eu viverei ao lado de um presídio, nascido bem no lado onde nasce o sol.

Acho que detesto Curitiba.

Curtas de véspera do dia dos namorados

* Já ganhei meu presente – um DVD da Noiva Cadáver. O Luiz teve a fofura de lembrar que eu disse uma vez que era o único DVD que eu tinha vontade de ter. A história me emociona (não me pergunte o por quê) até as lágrimas e a trilha sonora é um desbunde. Ouço até dizer chega as poucoas músicas do filme que baixei em MP3. Enfim, amei!

* De acordo com a revista Época desta semana, eu sou grup e pescovegetariana. Sou totalmente in e não sabia. E também não sabia que eu merecia um nome vegetariano por só comer carne de peixe – eu sempre achei que era uma vegetariana fajuta mesmo. Isso já faz mais de 10 anos. E a revista tem razão, esse movimento tem aumentado muito. Quando comecei, era apenas uma maluca.

* Nunca ganhei tanto vale brinde na minha vida. A professora de dança samkya não pára de atormentar pra aproveitar de uma vez meu mês de aulas grátis. Pra Companhia Athletica eu fui ontem. Hoje fui no Boticário comprar meu demaquilante e ganhei 10 reais numa raspadinha. Tomara que essa sorte se estenda para o prêmio de 1 milhão.

* No orkut todos sabem que faço aniversário no dia do jogo do Brasil, mas na vida real ninguém faz nem idéia. Não é que eu esconda; fico com tanto pudor de sair dizendo isso por aí, como quem pede um presente, que todo ano acontece de ninguém me dar parabens. E eu nunca faço festa, eu acho ser anfitriã chatésimo. Sei lá, é possível ser discreto e fazer todo mundo saber a data do nosso aniversário?

Uma noite na Companhia Athletica

Um dia eu estava passeando no shopping e o Luiz, ingenuamente, disse para eu me informar sobre os preços da Companhia Athletica, que tinha acabado de chegar em Curitiba e fica caminho da minha casa. Digo ingenuamente porque eu já fazia idéia dos valores que nos esperavam – 99 reais pra frequentar a academia um único dia, 1400 reais o semestre. Isso com os descontos pra 100 primeiros alunos, o que seria o meu caso. É, amiguinhos, quem tem tem.
Umas duas semanas atrás recebi um telefonema, onde a Companhia Atléthica, só porque fiz um cadastro naquele dia, me ofereceu o One Day Pass, ou seja, os 99 reais que custam um diazinho malhando. Quem recebe uma bolada dessas e não aproveita? Eu é que não. Não apenas fui como estou! Hohohohohoho! São 20:50 e estou na Companhia Atléthica, UHU!
Estou aqui, diante do computador no cyber café, totalmente disponível para os alunos. Isso depois de ter feito um pouco de elipticon, trocando de canal com a TV de plasma exclusiva que cada aparelho tem. Foi um momento único. Além de ser muito divertido, assisti a Oprah pela primeira vez na minha vida. Sim, eu sei, eu sou muito pobre mesmo!
Pra quem gosta de malhar (como eu), isso daqui é um parque de diversões. São 5 salas de ginástica, 1 sala de spinning, 1 circuito de 30 min de musculação, 1 circuito de aula nas esteiras (que está rolando agora), um lugar para deixar as crianças, uma sala de pilattes com aparelhos (nunca tinha visto pessoalmente!), aluguel de toalhas brancas e sabonetes no chuveiro… E academia lotada.
Como disse um amigo meu, de onde vem essa gente que me cerca agora? Eles traficam drogas, são cantores sertanejos, fazem michê de luxo ou lobby para as multinacionais? Quem é esse monte de gente, que paga essa grana pra ir malhar e que vem passar o dia inteiro aqui, nesse lugar sem janelas, cercada de gente magra e roupas coloridas? Tem certas coisas difíceis de entender. Eu me sinto uma intrusa aqui, disfarçada no mundo dos ricos e cheirosos. Acho que por mais que um dia ganhe, nunca seria capaz de pagar tudo isso pra fazer ginástica.
Como pra todas as coisas na vida, a gente tem que tirar lições, lá vai:
Lição 1: nada é tão simples que não possa ficar mais caro, sofisticado, cheiroso e elitista
Lição 2: ser rico é muito bom, simples e bem tratado
Lição 3: ser bonito, quando se é rico, é apenas consequencia.
Tchau, amiguinhos. Vou fazer valer mais meus 99 reais e entrar em algum lugar 🙂
\o/ UHU!

Metendo os cascos

Há duas semanas a exposição no SESC tem me atormentado. O cronograma exigiu as fotos e descrição das peças com mais de um mês de antecedência; a entrega das peças, 4 dias antes da abertura. Pois bem: a data da abertura foi transferida duas vezes, e dois dias depois da abertura “oficial” as peças estavam largadas, sem qualquer tipo de identificação, livro de visitas, nome da exposição, nome da artista e nada. Sem dizer que o material de divulgação não tinha ficado pronto.

E eu, todos esses dias batendo ponto, perguntando, saindo da aula pra passar lá. Sexta, quando vi tudo naquele estado, estressei de vez e ameacei tirar as peças de lá se até segunda as coisas não estivessem em ordem. Quando o fulaninho responsável pela exposição ligou no meu celular duas vezes às 17h e completou com um “desculpe qualquer coisa”, vi que estava lidando com gente muito burra.

Hoje cheguei lá disposta a levar tudo embora. Atormentada pelo meu próprio inconsciente (que me fez ter sonhos horríveis com a exposição) e com raiva de me sentir uma otária, fui falar com o fulano. Ele me disse que o material de divulgação só ficaria pronto daqui há DUAS semanas – porque materiais são impressos a cada 2 meses e eles haviam perdido o prazo. Além disso, TODOS os responsáveis pela exposição são ESTAGIÁRIOS que entraram no SESC este ano.

Quem nunca viu não imagina, mas sou das pessoas mais brabas que eu conheço. Não fiz escândalo – disse que lamentava o SESC confiar as exposições a estagiários que não entendem nada, que não são profissionais e que desconhecem as rotinas do local onde trabalham. Nisso, apareceu uma personagem desconhecida, mais velha, e que deve ser a incompetente que cuida dos estagiários incompetentes.

Resultado: o meu material será impresso amanhã de manhã e com a data de abertura de exposição de amanhã, como pedi – não posso receber o material com uma data que não foi cumprida. A moral desta linda história é que meter os cascos despenteia e é preciso. Isso sem falar na cartinha que os espera quando a exposição terminar…