Arquivo mensal: novembro 2005
Gênios
Não sei quanto as outras áreas, mas as pessoas que considero gênios preenchem pelo menos um desses requisitos, às vezes mais de um. Exemplos:
Foucault: homossexual e fora dos padrões
Van Gogh: esquizofrênico
Marx: judeu e alemão
Reich: fora dos padrões e alemão
Norbert Elias: judeu e alemão
Virgínia Woolf: esquizofrênica e homossexual
Mozart: criança prodígio
Dostoiévski: fora dos padrões
Hannah Arendt: judia e alemã
Marcel Mauss: fora dos padrões e judeu
Sartre: fora dos padrões
Camille Claudel: esquizofrênica e fora dos padrões
Freud: judeu e alemão
Nietzsche: esquizofrênico e homossexual (?)
Notem que ser judeu e alemão é quase garantia de genialidade. Quem sabe na próxima encarnação.
Tempo
Ele respondeu:
– Mesmo assim não. Você não teria cultura para ouvir a peça, entende?
A gente não quer só comida*
… a gente quer comida, diversão, balé!
* essa reflexão surgiu na praia, numa única conversa com o amigo-quase-irmão do meu irmão e um dos idealizadores do projeto Criançada nas Ondas, o Márcio Torres. Obrigada, Márcio.
Bolo de casamento
Preconceitos
Mas todos esses preconceitos são inofensivos. Acredito que se conscientizar de que algo é um julgamento já é um grande passo. Pior, muito pior, quando as coisas são naturalizadas a tal ponto de nem nos darmos conta. Como um deficiente visual que me disse que as mulheres só aproximam dele para ajudá-lo, uma coisa meio maternal. Afinal, ele é homem. Ele sente desejo por algumas delas e gostaria que elas o vissem como macho.
Há forma mais cruel de preconceito?
Corpo em férias
Ah, férias…
Cães
Um amigo meu acabou de me mandar um e-mail dizendo que se um político, ao invés de beijar crianças, resolvesse beijar um cachorro, a eleição estava ganha. Pior que ele tem toda razão.
* tem gente que prefere usar a sigla SRD – sem raça definida. Eu prefiro o termo vira-lata, acho mais romântico.
Festas
{E o beijinho no rosto? Ah, eu odeio essa coisa de beijo no rosto! Um dia tenho que escrever um post inteiro sobre o assunto!}
E a solução – maravilha! – vamos fugir, pra outro lugar, baby! Vamos fugir!
Santa paciência, Batman!
Quis empurrar o carro da desgraçada, riscar o carro de cima abaixo, quebrar a janela do motorista, fazer ligação direta. Ou tudo ao mesmo tempo. Queria ver a cara da perua e olhar bem feio para ela e ver se a conseguia se sentir humilhada e envergonhada de ser tão cara-de-pau. Não fiz. Isso me lembrou quando achei um celular caríssimo na rua, de chip, e fui mal tratada quando liguei para devolver – o cara agiu como se eu tivesse roubado o celular para estorquir. Era um Tim, e o Luiz tinha um Tim de chip bem baratinho. Era só ter trocado. Assim como me sugeriram colocar o celular na água, pisar nele ou jogar no chão bem na hora que o cara fosse buscar. Não fiz nada disso, deixei na recepção da academia e nem vi a cara de quem foi buscar.
Caráter, idiotice? Só sei que não consigo evitar. E depois volto pra casa cheia de raiva.
Sonho masculino no banheiro
O fim do conto de fadas?
Agora, com 32, ele sente falta de algo mais. Começou a se corresponder com uma amiga de infância que hoje vive no Rio de Janeiro. Descobriu o como é bom estar apaixonado. Ela foi para Salvador vê-lo, mas terminaram porque namoro à distância é “injusto com os dois”. Agora está há um tempão jururu. Entro no msn e embaixo do nome dele está escrito: fim do conto de fadas. Tento falar com ele e tudo que ouço são lamentações.
Ahhh… me poupe. Depois de tudo o que já vivi e já sofri por amor, não tenho mais a menor paciência. Isso que ele está passando é coisinha à toa. Sabe do que ele precisava? Daquelas melhores amigas que a gente tem na adolescência, que nos ouvem o dia inteiro falar daquele menino que nos interessa!
Minha doença preferida
Já tive muita gastrite e agora não tenho mais. Já fui de torcer muito o pé direito e agora não torço mais. São fases, em cada uma com uma maneira preferida de adoecer. Agora voltei a ter problemas com o meu ombro, coisa que há uns 10 anos não tinha. Semana muito tensa, pilhas de coisas para fazer, responsabilidades… plec! Um movimento à toa e estou toda dolorida. Como aconteceu na segunda. Só porque tinha que reescrever o projeto, enviá-lo na segunda, um seminário que não acaba nunca…
Já percebi também que adoeço porque nunca me dou folga espontaneamente. Pra poder dizer: não pude ir porque fiquei com torcicolo, tive intoxicação alimentar, quase morri… como me aconteceu uma semana após a outra, sempre de maneira a me obrigar a faltar a aula de quinta à tarde! Já dizer para si mesmo: não vou porque estou cansada e perto do meu limite… isso é muito difícil, pelo menos para mim!
Hoje deixei de acordar cedíssimo para fazer a minha série de musculação, aeróbico e aula de Balance, como faço todas as quartas – depois volto correndo e saio de novo para a aula da tarde. Resolvi me dar esse tempo (com a consciência pesada), para que o ombro que fez plec na segunda-feira continue quietinho… E que corra tudo bem na aula em que todos vão criticar o meu projeto (glup!)!
Pesquisa
Ontem, na minha 6º entrevista, ouvi a história mais dolorosa da minha vida. Desde que me propus a isso, tenho perguntado sobre coisas dolorosas, às vezes sentindo pena, às vezes sentindo raiva (por não responderem direito minhas perguntas). Entro na vida das pessoas para elas me contarem sobre sua tragédia e sua superação. De repente acordo para o sentido que meu trabalho tem para essas pessoas, para o que me propus.
Só leio por aí trabalhos péssimos sobre deficiencia. Como é um tema pouco estudado, vejo que as pessoas tem consciencia de que qualquer porcaria que façam já pode virar referência. Agem como se já fosse caridade o suficiente escrever algo sobre o assunto. Psicólogos e pedagogos desfilam tantas besteiras e lugares comuns sobre isso que sinto até raiva de ler. Eu vou fazer um trabalho bem feito. Vou dar meu sangue, vou me acabar. Vou dar ao tema o tratamento sociológico mais fino e bem elaborado de que sou capaz. É a minha maneira de fazer justiça às confidências tão dolorosas que tenho ouvido.
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