Já conheci mulheres que dizem que são inteligentes, liberadas e não querem se casar mas, falando bem hipoteticamente, se fossem se casar, seria com um bouquet de flores do campo, entrariam com uma música do ABBA e a cor do vestido seria… Eu não achei que me casaria, e quando me deparei com a chance, não tinha plano nenhum de nada. Eu realmente achava que não me casaria. Por isso, não tive a menor dificuldade em abrir mão de uma cerimônia na igreja. Alias, problema seria se alguém tivesse tentado me obrigar, tamanha restrição que eu tenho a isso.
Mas quando vou a um casamento, o que deve acontecer uma vez a cada dez anos, fico tocada no início. Acho bonito uma cerimônia reunir tantas pessoas, conhecer as famílias, sempre tem o que vêm de longe. Começa a me dar uma dorzinha no peito, uma sensação de que é uma etapa importante, uma coisa legal de se dividir com os outros. Todo mundo mostrando a sua melhor roupa, o seu melhor humor, a sua melhor disposição. Se é um casamento bem planejado, vemos o cuidado de cada flor, de cada arranjo. Já um casamento apressado tem a graça de uma coisa espontânea, do que deu pra fazer, os noivos oferecerem aos amigos a sua simplicidade. Acho tudo muito tocante.
Se conheço os noivos, sou capaz de chorar quando eles entram. A noiva sempre tão caprichada. Algumas, na roupa e na maquiagem mais linda de sua vida. Já outras descobrimos que ficam maravilhosas ao natural, de jeans, espontâneas. Tudo revela um pouco de quem está casando: qual a igreja escolhida, com que música cada um entra, o tipo de vestido. Na festa a gente descobre a que turma de amigos pertence, o quanto nos parecemos ou não com os outros amigos, enfim, qual o nosso papel na vida da pessoa. Nessa hora o arrependimento de não ter casado já é grande, e começo a encher o saco do Luiz para casarmos. “Vamos fazer uma festa pras nossas bodas de sei lá o quê, quando der uma data redonda, olha que bonito!”.
Aí a cerimônia realmente começa. O padre, pastor ou pregador começa a falar. Meu entusiasmo começa a descer. Deus isso e aquilo, ok. Se a existência do Divino já é um assunto controverso, quanto mais esse povo que não só tem certeza da existência como para ele Deus julga comprimento de saia. Começo a ouvir e pensar – não gostaria que falassem isso no meu casamento, nem aquilo, nem aquele outro… Aí tem a pregação de como deve ser um casamento, dos papéis de cada um. Se é um padre, penso que falar de fora é fácil demais. Se é um pastor, veja, não pedi sua opinião. Cada um sabe o arranjo que faz no dia a dia, tem nada que encher as pessoas com regras. Pior ainda quando começam a falar do papel da mulher. Quando entra em machismos fico francamente irritada. No último casamento que eu fui, na hora dos votos, a noiva não parava de falar no quanto levava aqueles votos à sério, que era pra sempre, que ia cumprir. Ou seja, ela quis dizer que por ser o segundo casamento não queria dizer que ela era uma separadora. Ah, vá!