Ovelha negra

De uns tempos pra cá tenho me sentido fascinada pela figura da ovelha negra. Fui num quiosque que faz camisetas personalizadas e fiz uma com uma grande ovelha negra pra mim. Se fosse de fazer tatuagem, hoje tatuaria uma ovelha negra nas minhas escápulas. Mas eu teria que levar meu próprio desenho, assim como fiz com a camiseta, porque na minha concepção a ovelha negra não tem olhar mau. Ela é tão boa quanto qualquer outra velha, só que é negra.

O Luiz não entende o porquê do meu fascínio e ri quando digo que me identifico, que me sinto uma ovelha negra. Ele não vê como uma pessoa de hábitos tão certinhos como eu pode dizer um absurdo desses. Pense bem: que culpa tem a pobre ovelha se nós atribuímos às cores branco e preto qualidades relativas à pureza e maldade? Ela nasceu tão ovelha quanto as outras, indiferente ao que nos desperta. Se as ovelhas simbolizam a passividade e falta de senso crítico, por que criticamos a que é diferente? Como se deixar de ser igual aos outros fosse necessariamente terrível ou violento, ou seja, Black Sheep. Fazer um filme de terror com uma ovelha é quase como a fronteira final.

Se uma ovelha soubesse dos imaginários a seu respeito, mesmo uma bem retinta, com certeza comeria placidamente sua grama.

6 comentários sobre “Ovelha negra

  1. eu vim comentar aqui e me deparo com isto:

    Quéroul disse…

    eu gosto de cabritos.
    aloka.

    e aí, tipos, não tem mais o que eu dizer. 😉

    e ó, eu tenho uma camiseta de ovelha negra. na verdade, a camiseta é preta, e a ovelha é desenhada em branco (tipo um negativo), e tem escrito black sheep. o mais legal é que a ovelha tem pêlo satânico (tipo cabelo satânico, não tem a ver com cara de mau – aliás, aquela ovelha é um pitbull disfarçado, pode anotar), muito a cara do meu cabelo.

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  2. Oi. Cheguei agora no seu blog via Milton Ribeiro. Tô gostando muito. Li este post e resolvi te oferecer um poema meu. Aí vai:

    Animais

    Um abraço
    na ovelha negra
    correndo magrela
    pelas escarpas

    não sou pastor
    de ovelhas negras
    mas posso juntar-me
    à sua caminhada

    ao deus assassino
    dos rabinos
    as brancas
    as delicadas

    ao diabo livre
    pastor das sebes
    correm as ovelhas
    libertadas

    um beijo
    no gato preto
    que cruzou
    meu caminho

    não me importo
    de me deitar
    e copular
    com meu destino

    um chamego
    no bode preto
    chifrudo olhando
    do alto do monte

    não sou como os outros
    estúpidos homens
    sei que vossas alegrias
    são iguais

    sejamos amigos
    nefastos símbolos
    sejamos apenas
    animais

    ——-

    Deu certo?

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