O que une

Fico vendo Encantador de Cães e ele não se cansa de dizer que a melhor maneira de criar um vínculo com seu cachorro, ou entre cachorros, é andar juntos. Pegar a coleira e andar com o cachorro, só isso. Espíritos simples, métodos simples, dá pra pensar. Aí um dia a Nikelen escreve que comer junto une as pessoas. E aponta que talvez o juntos seja mais importante do que o verbo que conjugamos antes. Lembrei da minha recusa eterna aos encontros de ex-colegas, porque nunca vi no fato do destino ter nos unido aleatoriamente em salas de aula um motivo para nos revermos. A família, esse laço indissolúvel e frequentemente desagradável, é formada de pessoas que acreditam na obrigação de ficarem juntas por laços consanguíneos. Na internet, nos sentimos vinculados a desconhecidos só porque comentamos as mesmas coisas em tempo real. Dançar une as pessoas. Curitibanos são acusados de frieza por não se aproximarem daqueles que vêem todos os dias. Encontrar sexualmente e não criar um vínculo emocional se tornou um desafio comum. A combinação de sexo, amor e o desejo de manter o laço leva ao casamento, que nada mais é do que criar uma rotina à dois. Tudo isso me faz pensar que não amamos idéias, opiniões, cultura, gostos – essa é a consequencia, não a causa. Vai ver que somos iguais os cachorros e o que nos une é a reunião.